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segunda-feira, 9 de janeiro de 2012

#Sociedade Caiçaras vão 'ganhar' ilha no litoral norte paulista

Uma comunidade de 14 famílias caiçaras, todas de pescadores, originada há mais de três séculos e que vive sem energia elétrica, vai se tornar dona, na prática, da ilha Montão de Trigo, na rica costa de São Sebastião, litoral norte de São Paulo.

Ilha de Montão do Trigo, litoral norte de São Paulo


A SPU (Secretaria de Patrimônio da União), dona constitucional do imóvel, dará à comunidade autorização para ocupar e explorar a ilha.

O documento, que deve ser expedido até fevereiro, vai impedir que a ilha seja alvo de grilagem ou especulação imobiliária de alto padrão.

"O domínio permanecerá da União, mas na prática isso impede que outros interessados venham a requerer inscrições de ocupação sobre a área, ameaçando a ocupação histórica das comunidades tradicionais", informa a SPU.

Com área de 130 campos de futebol, a ilha tem casas precárias, que abrigam 52 pessoas (16 crianças), espalhadas por trilhas na mata, uma escola e um improvisado píer.

Caiçaras são habitantes primitivos da costa, que vivem basicamente da pesca, agricultura e extrativismo.

Desde 2010, o governo vem acelerando a concessão do TAUS (Termo de Autorização de Uso Sustentável) a grupos tradicionais, mas é a primeira vez que isso beneficia ilhéus. A maioria dos beneficiários são comunidades ribeirinhas em Estados como Amazonas, Pará e Maranhão.

A medida abre caminho para que o mesmo seja feito em ilhas como a de Búzios (142 habitantes) e Vitória (50), no arquipélago de Ilhabela, as outras habitadas só por caiçaras no litoral norte.

"Isso é importante, porque dá mais segurança para a gente", diz Adilson de Almeida Oliveira, 37, nascido na ilha, líder da comunidade.

A insegurança é típica da ocupação tumultuada do litoral, marcada por grilagens, invasões e registros de imóveis ao arrepio da lei ou aproveitando-se de brechas delas.

Mesmo a Constituição definindo que ilhas são propriedades da União, há algumas nas mãos de particulares.

"As comunidades tradicionais do litoral ficaram esquecidas, engolidas pela especulação imobiliária", diz o arquiteto paulistano Gil Lopes, do Instituto Guapuruvu, que iniciou há três anos o processo que levou à decisão.

Com estudos antropológico e ambiental, o trâmite partiu do desafio de provar que a comunidade existia, tinha alicerce histórico e usava de forma sustentável a ilha.

Além da pesca, uma atividade frequente na ilha, não explorada pelos caiçaras, é o turismo, que atrai gente para pescar, surfar e mergulhar.

Prática de esporte na Ilha de Montão do Trigo, litoral norte de São Paulo


Não há praia na ilha. De Barra do Una, a distância é de 14 km ou 30 minutos.

Fonte: Jornal Folha de São Paulo (SP), em 08/01/2012

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