Procurando....

sábado, 31 de dezembro de 2011

#Mídia O ocaso da imprensa

Tom Standage, editor digital da The Economist, acredita que publicações compradas em bancas vão desaparecer. “Mas ainda vai levar muito tempo, e sobreviverão publicações como revistas de arquitetura”, diz no bar do Hotel Unique, em São Paulo. Standage foi um dos palestrantes da conferência Brazil in 2022: Ordem e Progresso, realizada pela revista britânica na capital paulista nos dias 3 e 4 de novembro. Com tiragem de 1,5 milhão e 70 correspondentes, a revista britânica, com a qual CartaCapital tem um acordo editorial, é a publicação global por excelência. Entre os palestrantes, vários nativos de calibre questionável, Standage era a exceção como se verá abaixo.




#Ciência Nasa detecta uma nova ilha no Mar Vermelho

A Nasa anunciou nesta sexta-feira ter constado a formação de uma nova ilha perto da costa oeste do Iêmen, depois de uma erupção vulcânica.


quarta-feira, 28 de dezembro de 2011

#Mídia A flexibilização religiosa da Rede Globo

Téo Cordeiro*

É difícil supor que o patriarca Roberto Marinho aprovaria a guinada proporcionada por seus filhos e anunciada explicitamente na noite do dia 10 de dezembro, no Aterro do Flamengo, reunindo 200 mil pessoas em nome de Jesus Cristo – o “vivo”, não o “morto”, como se referem alguns evangélicos ao Jesus católico. Ao promover o maior evento musical gospel da história da cidade, o festival “Promessas”, com a participação dos nomes consagrados neste estilo, a Rede Globo, comandada pelos filhos de Roberto, anuncia para a sociedade sua mais nova estratégia: alcançar as camadas populares cada vez mais vinculadas ao “neopentecostalismo”.

#Internotas Sites Legais

Seleção de sites interessantes, que valem a pena ser compartilhados! Conheçam:

Colhidos à mão
O Handpick é um serviço que guarda páginas favoritas, o que não é tão diferente de outros serviços. O que o distingue é que o aplicativo depois reúne as páginas colhidas naquele dia e as envia para amigos em um e-mail de sugestões. Muito interessante. http://handpick.me

#Sociedade Superdotados S.A

Em uma sala refrigerada no quinto andar do SESC Copacabana, no Rio de Janeiro, 20 pessoas pertencentes ao estrato dos 2% mais inteligentes da Terra assistem à palestra Superdotados, Quem Somos Nós? Lá fora, a 200 metros, jaz a areia. Faz 30 graus. O sábado ensolarado atraiu uma multidão à praia. Mas do lado de cá da janela, entre partidas de xadrez, debate-se quem pode ser considerado gênio, superdotado ou um simples prodígio e o que fazer para ser respeitado por uma sociedade naturalmente inclinada a detestá-los pelo que têm de melhor – a inteligência. Cristiane Costa Cruz, aqui para defender a classe, descontrai o público com uma pergunta: quem assiste à série The Big Bang Theory, que aborda o mundo geek?“A pergunta seria quem não assiste”, diz um rapaz indignado. “E que ninguém fale mal do Sheldon.” Gargalhadas seguem à menção do maior nerd da tevê. Aqui, estão todos em comunhão.

#História As gotas da controvérsia - Chanel e o nazismo


Dois livros investigam a criação da Chanel
e sua ligação com os nazistas

Dias depois de liberar Paris da ocupação nazista, em agosto de 1944, soldados americanos formaram uma imensa fila diante do número 31 da Rua Cambon. Aquela casa nunca fora próxima, antes, dos heróis da libertação. Sua singularidade estava em abrigar não uma sede militar, mas uma loja de roupas. Mesmo sem falar uma palavra de francês, os americanos agora poderiam passar pela porta do estabelecimento, abrir os dedos de uma das mãos diante da vendedora no saguão e ter seu pedido satisfeito com elegância. Esses soldados queriam frascos de perfume Chanel n° 5, que carregariam como lembrança da guerra e do luxo europeu a suas mães, namoradas e irmãs.

terça-feira, 27 de dezembro de 2011

Pesquisa deliberativa na Andaluzia

A ideia da pesquisa deliberativa é simples. Uma amostra representativa da população é selecionada. Em seguida, eles são convocados para um debate. A finalidade é que as pessoas se pronunciem a favor ou contra o projeto. No final, todos são novamente inquiridos, o que permite entender como sua visão inicial evoluiu

por Ernesto Ganuza*


O fim inesperado do maior jornal semanal britânico

Em julho, os britânicos descobriram a natureza das práticas do hebdomadário News of the World. O desvio iluminou outros: concentração das mídias, mercantilização da informação, conveniências políticas. Uma concepção de imprensa encarnada pelo magnata Rupert Murdoch

por Jean-Claude Sergeant*


segunda-feira, 26 de dezembro de 2011

Twitter ou o triunfo da plasticidade

Desde a sua criação, em 2006, o Twitter propõe aos internautas a transmissão de mensagens curtas pela internet e por celulares. Simples e gratuito, o serviço atinge cada vez mais usuários. Ele se tornará rapidamente, conforme a ambição de seus criadores, no “principal centro de informações do planeta”?

por Mona Cholllet*


O professor e a propriedade intelectual

"É livre a expressão da atividade intelectual, artística, científica e de comunicação, independentemente de censura ou licença”, diz a Constituição. Mas interpretações de propriedade intelectual bombardeiam sua função social e subvertem a lógica do direito autoral, criado para favorecer a criatividade, e não o lucro

Artigo de Ladislau Dowbor

We urge Government to ensure that in future, policy on intellectual property issues is constructed on the basis of evidence, rather than weight of lobbying”1
(Ian Hargreaves, Relatório sobre propriedade intelectual para o governo britânico, maio de 2011)



(Forma de acesso ao material científico de uma pós-graduação de linha de frente do país)

sexta-feira, 23 de setembro de 2011

Teatro Mágico no sertão de Pernambuco

O grupo paulistano Teatro Mágico é único! Música, letra, figurinos, cenário... Tudo isso convergindo, formando um caleidoscópio da música brasileira! Esse vídeo abaixo foi gravado no último dia 2 de setembro, durante o Festival Pernambuco Nação Cultural - Agreste Central, em Gravatá. E ainda tem a participação mais que especial do enorme Silvério Pessoa! Divirtam-se!!!

sábado, 17 de setembro de 2011

Segunda (19): Livro recoloca pensamento de Paulo Freire sobre comunicação

Paulo Freire faria 90 anos em setembro de 2011 e para homenageá-lo, a Editora Fundação Perseu Abramo em co-edição com a Editora da UnB vai relançar o livro "Comunicação e cultura: as ideias de Paulo Freire", escrito por Venício A. de Lima.

A partir da análise da obra de Paulo Freire e de muitas horas de conversa com o educador, Venício finalizou a sua tese de doutoramento, defendida em 1979 e que foi adaptada para a primeira edição do livro. Trinta anos depois, a obra é relançada revista e com nova introdução, apresentando a atualidade do pensamento daquele que é reconhecido como o mais importante educador brasileiro. A atualidade dos temas aos quais Freire se dedicava como o direito do cidadão à comunicação o coloca lado-a-lado com pensadores atuais.



segunda-feira, 12 de setembro de 2011

Paraísos Artificiais

Na calçada em frente à pequena loja em Lisboa, de manhã bem cedo, o grupo de rapazes e moças vestidos como se ainda não tivessem ido dormir chama a atenção. Dentro da loja, prateleiras com apetrechos para fumar maconha e embalagens coloridas de “incensos” variados também chamam a atenção. Blends (misturas) de ervas para relaxar, dizem os rótulos. Há ainda produtos à base de cogumelos e plantas alucinógenas. Trata-se de uma smartshop, espécie de mercadinho especializado em drogas sintéticas, um negócio que floresce em toda a Europa.


Enquanto o Brasil discute a liberação da maconha, a Europa busca formas de lidar com o crescente e variado consumo de substâncias sintetizadas em laboratório. Foto: Evert Elzinga


Pop star… no Japão

Em 2004, uma oportuna gripe tornou o paulistano Ricardo Cruz ídolo das músicas japonesas de animes. Por Ricardo Carvalho. Foto: Olga Vlahou
O paulistano Ricardo Cruz, 29 anos, tornou-se um pop star japonês graças a um resfriado. Em 2004, um grupo de cantores de anime songs- – gênero das músicas de desenhos como Dragon Ball Z e Cavaleiros do Zodíaco – veio a São Paulo para uma participação especial na segunda edição do Anime Friends, hoje o maior evento de cultura pop oriental da América Latina. No único ensaio antes da apresentação, que contou com a presença do maior ícone de anime songs- no Japão, Hironobu Kageyama, uma das vocalistas estava gripada e preferiu poupar-se para o show. Cruz, fluente em japonês, conhecia as letras; assumiu o microfone e surpreendeu todos. No fim, Kageyama quis saber um pouco mais sobre o rapaz, descendente de italianos e portugueses, mas fanático pela cultura japonesa. Kageyama convidou-o a gravar uma fita demo com a música tema dos Abarangers, uma espécie de precursor dos bem mais famosos no Brasil Power Rangers. Ao receber a fita, o músico japonês de 50 anos a inscreveu num concurso para eleger o novo integrante do Jam Project (Japanese Animationsong Makers), o mais famoso grupo de anime songs do mundo, criado em 2000 e do qual Kageyama é líder. “Ele (Kageyama) ia me avisando que eu estava entre os dez finalistas, depois entre os cinco e, um dia, me ligou para dizer que eu tinha vencido”, diz Cruz. No ano seguinte, o novo integrante viajou para o Japão, conheceu os outros cinco músicos e gravou diversas trilhas para o projeto. Desde então, vai ao menos uma vez por ano ao país participar de turnês e da produção de discos. Até agora, ele compôs duas músicas para o grupo, sendo uma em português.
Em São Paulo, Cruz (acima) divide uma quitenete com os bonecos dos personagens que marcaram sua infância. Foto: Olga Vlahou
A porta de entrada de Cruz para a indústria fonográfica de anime songs pode ter sido um conveniente resfriado. Entretanto, sua bagagem cultural sobre o universo nipônico é extensa e de longa data. No início dos anos 1990, a extinta TV Manchete trouxe ao Brasil uma leva renovada de programas de super-heróis japoneses. Com 10 anos na época, Cruz passava as manhãs assistindo a títulos como Changeman, Jaspion e Jiban. “Eu me deslumbrava com os ideogramas japoneses que apareciam nas aberturas e os copiava todos nos cadernos da escola”, revela. Com o passar dos anos e a diversificação dos programas japoneses exibidos no Brasil, o interesse aumentou. Durante a adolescência, Cruz passava os fins de semana numa biblioteca de mangás – os quadrinhos orientais – na Vila Mariana e em videolocadoras da Liberdade especializadas em programação japonesa. “Eu tinha cadastro em praticamente todas. Chegava a alugar até talk shows e programas de auditório para tentar entender a língua.” Foi também na Liberdade que ele frequentou as exibições de animês (desenhos japoneses) na gibiteca Henfil, que ocorriam todo terceiro domingo do mês. “Eu quase repeti o segundo ano do colegial por matar aula para ir à Liberdade.” Aos 17 anos, incentivado pelo pai, Cruz conseguiu uma vaga para um intercâmbio pelo Rotary Club no estado japonês de Tochigi, a 100 quilômetros de Tóquio. No equivalente ao terceiro ano do ensino médio brasileiro, a principal atividade de lazer dos alunos era passar as tardes em karaokês. “Cantávamos principalmente anime songs e algumas pessoas vinham me dizer que gostavam da minha voz, mas eu nunca pensei que isso seria mais do que um hobby.” Ainda no Japão, ele foi a três apresentações do show Superhero Spirit, do qual Hironobu Kageyama participou. O músico é nacionalmente reconhecido por ter gravado as aberturas originais de séries como Dragon Ball Z, Changeman e Cavaleiros do Zodíaco.
No Japão, ao lado do padrinho musical Kageyama (à dir.)
De volta ao Brasil, em 2000, Cruz encontrou na explosão de produtos ligados à cultura japonesa um trabalho. Na Conrad, editou as revistas Pokémon Club e traduziu mangás lançados no País. Na mesma época, participou do AnimeCon, o primeiro grande evento de cultura pop nipônica no Brasil. Nele, ainda de maneira amadora, realizou pequenos shows. Em 2003, mediante uma parceria com o empresário Takashi Tikasawa, ajudou a organizar o primeiro Anime Friends, que possibilitou a vinda de Kageyama, além de outras figurinhas carimbadas no Japão, como Akira Kushida, cantor de Jiban e Jiraiya, e o ator Hiroshi Watari. “Foi a primeira vez que os fãs brasileiros tiveram contato com cantores japoneses. Em dois dias de evento, vieram mais de 18 mil pessoas.”
Único estrangeiro do grupo, Cruz orgulha-se por ser uma "ponte entre culturas"
Por morar no Brasil, a presença de Cruz no Jam Project é encarada como uma participação especial. Ele se orgulha por representar uma “ponte entre as duas culturas”. Ao escolher um brasileiro como novo integrante, o projeto reconheceu a forte presença dos animes no Brasil, país com a maior colônia de imigrantes japoneses do mundo. “Ao lado dos Estados Unidos, o Brasil é o país que mais tem tradição e que mais consome cultura pop japonesa.” O maior desafio da participação no Jam Project foram as apresentações realizadas na Arena Budokan, em 2009 e 2010. Localizada em Tóquio e com capacidade para 14 mil espectadores, a arena é famosa por ter recebido shows dos Beatles e Bob Dylan. “Durante o show, com a preocupação de não poder errar, de ter de decorar as letras e lembrar as marcações no palco, eu não consegui ter noção da proporção daquilo tudo.” Outro ponto que o surpreendeu é a relação com os fãs. Ao contrário do completo anonimato no Brasil, Cruz e os demais integrantes do Jam são recebidos com entusiasmo em estações de trem durante as turnês. “Os japoneses têm uma cultura de cozinhar para as pessoas que admiram. Sempre que a gente chega em uma cidade nova, vem um fã me entregar bolos, biscoitos etc.”
No lendário Budokan, shows que revelam o peso do gênero animesong no mercado fonográfico japonês
Ainda neste ano, Cruz deve voltar ao Japão ao menos outras duas vezes. Em dezembro, junta-se ao padrinho musical Kageyama e aos demais integrantes do Jam para mais uma temporada de gravações. Um pouco antes, em setembro, planeja divulgar o trabalho desenvolvido pela produtora Scifi-FX, que atualmente produz um filme de ficção científica brasileiro em parceria com estúdios norte-americanos e japoneses. “O Jam pode fazer uma música para a trilha sonora, é claro.” Fonte: Revista Carta Capital, ed. 661 (31/08/2011)

sexta-feira, 2 de setembro de 2011

Amigas do DF criam 'Jaguatiricas do Cerrado' em paródia na internet

Inspiradas no filme “As panteras”, cinco amigas de Brasília resolveram fazer uma paródia na web e se transformaram nas "Jaguatiricas do Cerrado". Lançado em julho, o episódio piloto da websérie apresenta as personagens.

Danny (Daniela Azevedo) é tatuadora; Polly (Paula Amidani) não desce do salto nem para lutar; Tatty (Tayra Rudá) é fotógrafa; Sammy (Samara Sampaio) é a esportista do grupo; e Patty (Patricia Meschick) gosta de estar em contato com a natureza.

Além do interesse em comum pelas artes marciais e dos nomes terminados com “y”, as amigas compartilham a boa forma física no que parece ser o uniforme oficial das Jaguatiricas do Cerrado, o shortinho jeans.

Apesar disso, Patrícia, que também é produtora da série, diz que o objetivo não era chamar a atenção do público pela beleza. “A ideia era ser ridículo, sempre foi. A gente queria rir com isso. O objetivo não era fazer um filme bonitinho, com meninas bonitinhas e que sabem lutar bonitinho”, afirma em entrevista ao G1.

As cinco amigas se conheceram há cerca de 15 anos nas aulas de kung fu. Alcebíades Vilas Boas, que interpreta o garçom-vilão Biddy, também praticou artes marciais. Atualmente, apenas Paula e Samara continuam treinando e dividem a rotina de atleta com a faculdade de fisioterapia. Patricia é formada em desenho industrial, Tayra é formada em direito e Daniela é professora de educação física.

Namorado de Patrícia, diretor, roteirista e fotógrafo da série, Helano Stuckert afirma que a paixão por Brasília foi fundamental na escolha das locações, que privilegiam pontos conhecidos da cidade, como o Museu Nacional da República e uma passagem de pedestres subterrânea.

O roteiro do episódio piloto foi feito em um dia, a partir de uma ideia antiga de Stuckert. “A Patricia é campeã de kung fu e tem várias amigas que lutam, sempre pensei em filmar algo sobre isso.”

O casal começou a escrever o roteiro em março, enquanto esperava o carro ser lavado em um posto de gasolina. As filmagens, que tiveram custo zero, duraram um dia e meio, mas o projeto ficou engavetado até julho. De acordo com Stuckert, o roteiro do próximo episódio já está sendo escrito, mas ele só deve ser lançado no final de outubro.

“A gente fez por diversão mesmo, por vontade de filmar”, diz. O próximo episódio deve definir melhor as características de cada personagem, além de delimitar quem serão os inimigos das jaguatiricas. "A gente tinha pensado em algo como as Jaguatiricas do Cerrado lutam contra o Lobo Guará", diverte-se Stuckert.

As Jaguatiricas do Cerrado em ação nas ruas de Brasília (Foto: Reprodução)
As Jaguatiricas do Cerrado enfrentam o misterioso
garçom Biddy nas ruas de Brasília (Foto: Reprodução)

Fonte: G1, em 24/08/2011 

Vejam o piloto da Série no vídeo a seguir!

quarta-feira, 31 de agosto de 2011

Descoberta sobre grafeno pode criar Internet ultrarrápida

Cientistas britânicos desenvolveram uma maneira de usar o grafeno, o material mais fino do mundo, para capturar e converter mais luz do que era possível anteriormente, o que abre caminho a avanços na Internet de alta velocidade e outras formas ópticas de comunicação.


Em um estudo publicado pela revista Nature Communication, a equipe, que inclui Andre Geim e Kostya Novoselov, cientistas premiados com o Nobel no ano passado, descobriu que, ao combinar grafeno e nanoestruturas metálicas, o volume de luz que o grafeno é capaz de absorver e converter em energia elétrica aumentava em 20 vezes.

O grafeno é uma forma de carbono com espessura de apenas um átomo, e ainda assim 100 vezes mais forte que o aço.

- Muitas das maiores companhias de eletrônica estão considerando o grafeno para sua próxima geração de aparelhos. Esse trabalho reforça as chances do grafeno ainda mais – disse Novoselov, cientista russo que, com Geim, conquistou em 2010 o Nobel de Física por suas pesquisas sobre o grafeno.

Trabalhos anteriores tinham demonstrado que é possível gerar energia elétrica ao instalar duas estruturas metálicas de entrelaçamento fino sobre uma base de grafeno, e fazer com que todo o aparato receba luz, convertendo-o na prática em uma célula solar simples.

Os pesquisadores explicaram que, devido à mobilidade e velocidade especialmente elevada dos elétrons no grafeno, essas células produzidas com o material podem atingir velocidades incrivelmente rápidas, dezenas ou potencialmente centenas de vezes mais rápidas que as oferecidas pelos cabos de Internet mais velozes hoje em uso.

O principal obstáculo a aplicações práticas até o momento vinha sendo a baixa eficiência das células, segundo os pesquisadores. O problema é que o grafeno absorve pouca luz -apenas cerca de três por cento; o restante passa pelo material sem contribuir para a geração de energia.

Em uma colaboração entre as universidades de Manchester e Cambridge, a equipe de Novoselov constatou que o problema poderia ser resolvido por uma combinação entre grafeno e as minúsculas estruturas metálicas conhecidas como nanoestruturas plasmônicas, dispostas em padrão especial por sobre o grafeno.

Essa disposição permitiu que o desempenho de absorção de luz do grafeno melhorasse em 20 vezes, sem sacrifício de velocidade, a equipe afirmou no estudo. A eficiência pode ser ainda mais melhorada no futuro, afirmaram.

Fonte: Correio do Brasil, em 30/08/2011

terça-feira, 30 de agosto de 2011

Cientistas anunciam rio subterrâneo de 6 mil km embaixo do Rio Amazonas

Pesquisadores do Observatório Nacional (ON) encontraram evidências de um rio subterrâneo de 6 mil quilômetros de extensão que corre embaixo do Rio Amazonas a uma profundidade de 4 mil metros. Os dois cursos d"água têm o mesmo sentido de fluxo - de oeste para leste -, mas se comportam de forma diferente.

A descoberta foi possível graças aos dados de temperatura de 241 poços profundos perfurados pela Petrobrás nas décadas de 1970 e 1980, na região amazônica. A estatal procurava petróleo.

Fluidos que se movimentam por meios porosos - como a água que corre por dentro dos sedimentos sob a Bacia Amazônica - costumam produzir sutis variações de temperatura.

Com a informação térmica fornecida pela Petrobrás, os cientistas Valiya Hamza, da Coordenação de Geofísica do Observatório Nacional, e a professora Elizabeth Tavares Pimentel, da Universidade Federal do Amazonas, identificaram a movimentação de águas subterrâneas em profundidades de até 4 mil metros.

O dados do doutorado de Elizabeth, sob orientação de Hamza, foram apresentados na semana passada no 12.º Congresso Internacional da Sociedade Brasileira de Geofísica, no Rio.

Em homenagem ao orientador, um pesquisador indiano que vive no Brasil desde 1974, os cientistas batizaram o fluxo subterrâneo de Rio Hamza.

Características. A vazão média do Rio Amazonas é estimada em 133 mil metros cúbicos de água por segundo (m3/s). O fluxo subterrâneo contém apenas 2% desse volume com uma vazão de 3 mil m3/s - maior que a do Rio São Francisco, que corta Minas e o Nordeste e beneficia 13 milhões de pessoas, de 2,7 mil m3/s. Para se ter uma ideia da força do Hamza, quando a calha do Rio Tietê, em São Paulo, está cheia, a vazão alcança pouco mais de 1 mil m3/s.

As diferenças entre o Amazonas e o Hamza também são significativas quando se compara a largura e a velocidade do curso d"água dos dois rios. Enquanto as margens do Amazonas distam de 1 a 100 quilômetros, a largura do rio subterrâneo varia de 200 a 400 quilômetros. Por outro lado, a s águas do Amazonas correm de 0,1 a 2 metros por segundo, dependendo do local. Embaixo da terra, a velocidade é muito menor: de 10 a 100 metros por ano.

Há uma explicação simples para a lentidão subterrânea. Na superfície, a água movimenta-se sobre a calha do rio, como um líquido que escorre sobre a superfície. Nas profundezas, não há um túnel por onde a água possa correr. Ela vence pouco a pouco a resistência de sedimentos que atuam como uma gigantesca esponja: o líquido caminha pelos poros da rocha rumo ao mar.

Temperatura. Hamza e Elizabeth apontam a existência do que os pesquisadores chamam de "dois grandes sistemas de descargas de fluidos na Amazônia": o Rio Amazonas, com seus 6.100 km de extensão, e o fluxo oculto das águas subterrâneas.

Segundo os dados apresentados por Elizabeth, o fluxo subterrâneo é praticamente vertical - de cima para baixo - nos primeiros 2 mil metros. Depois, nas camadas mais profundas, muda de direção, tornando-se quase horizontal. Depois de atravessar as bacias do Solimões, Amazonas e Marajó, o rio alcança o fundo do mar, perto da foz do Amazonas.

Hamza argumenta que as descargas do fluxo subterrâneo de água doce poderiam explicar os bolsões de baixa salinidade comuns no litoral da região.

O geólogo Olivar Lima, da Universidade Federal da Bahia, assistiu à apresentação do trabalho e, na ocasião, mostrou aos autores mais dados, obtidos em outros poços perfurados pela Petrobrás na foz do Amazonas, que confirmam as conclusões do estudo. Porém, acha um exagero classificar a descoberta como um rio.

"Os resultados são muito bons", afirma Lima. "Só não acho correto propor a existência de um rio subterrâneo." Ele argumenta que os dados permitem afirmar a existência de um imenso fluxo de água através das formações permeáveis da Bacia Amazônica. Mas a velocidade seria muito baixa para justificar a categoria de rio.

Contudo, se por um lado a velocidade não se compara à de um rio convencional, o volume de água assume ordens de grandeza que tornariam compreensível tal comparação, reconhece o pesquisador.

A descoberta, por enquanto, não mudará a vida das populações que habitam a Bacia Amazônica. Como o rio está a uma profundidade muito grande e há muita água doce na superfície, não seria economicamente razoável perfurar a terra para acessar o curso d"água. O estudo pode ajudar, no entanto, a prospecção de petróleo.

PARA LEMBRAR

Há dois anos, cientistas italianos descobriram um rio subterrâneo que corre embaixo de Roma, mais extenso que o Tibre - o terceiro maior da Itália, com 392 quilômetros. Assim como o brasileiro, o rio subterrâneo italiano foi encontrado graças a dados de perfuração de poços.

No Brasil, outra reserva de água subterrânea é o Aquífero Guarani, com 45 milhões de litros. A maior parte fica no Brasil, mas ele também se estende no Paraguai, Uruguai e Argentina.

Fonte: O Estado de São Paulo, em 25/08/2011

segunda-feira, 25 de julho de 2011

Maconha: crime de quem e para quem?

Rodolpho Motta Lima*

Nos últimos artigos aqui publicados, tenho manifestado minha inquietude com o fato de que, em nosso país, todos os assuntos, por mais abrangentes que sejam, por mais sérios que se revelem, acabam caindo na vala comum do partidarismo político, o que, não raramente, termina inviabilizando a correta discussão dos temas e, em consequência, a execução de medidas que interessem à maioria dos brasileiros.

Nas eleições, isso aconteceu com a discussão sobre o aborto, em que a mídia apoiadora do Serra quis usar o tema contra a Dilma; recentemente, isso também ocorreu com a questão do livro do MEC, ou com a questão do combate à homofobia, em que, nitidamente, o que se pretendeu foi obter dividendos políticos de oposição ao governo.

É a esse propósito que trago aqui, para discussão, a questão da descriminalização da maconha, que está sendo colocada em relevo, entre outras razões, pela participação do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, que a ela se manifesta favorável .

Fernando Henrique Cardoso não merece a minha admiração no campo político, talvez até porque a tenha obtido em tempos outros, nos quais o sociólogo defendia as mesmas ideias que hoje continuo defendendo , mas que ele, por certas conveniências e comodidades, esqueceu e mandou que esquecessem...

Mas o assunto da descriminalização da maconha transcende posicionamentos político-partidários e, nesse caso específico, creio que está correta a proposição de uma ampla discussão do tema pela sociedade.

Repudio as drogas e não considero defensáveis as razões que muitos buscam para justificar a sua presença crescente na sociedade. Abomino os que enriquecem com elas e lamento por aqueles usuários que, desinformados e manipulados, se tornam dominados pelo vício. Esse lamentar não se estende, porém, a uns tantos endinheirados da classe média/alta, que, por puro hedonismo e desfrute, acabam entrando nesse mundo. E talvez por isso eu considere que a descriminalização possa vir a ser implementada: em uma sociedade de castas como a nossa, o uso da droga só é crime para quem não tem dinheiro, ou seja, apenas são punidos pela lei os que não têm poder econômico para passar por cima dela.

Como professor, tenho podido testemunhar, com grande pesar, muitos casos de envolvimento dos jovens com drogas, esses jovens que, em uma família desleixada ou desatenta e em uma sociedade permissiva, acreditam que o sucesso vem com as “viagens” feitas com a droga. Já vi muitas potencialidades se perderem nesses caminhos do vício...

No entanto, o certo é que a forma de combater esse problema não é a que vem sendo posta em prática pelas autoridades governamentais ou por outros setores sociais. As medidas de repressão, mesmo quando são executadas para valer (o que, geralmente, não acontece, por certas “cumplicidades” que todos conhecemos) , não atingem os seus objetivos de diminuição do tráfico. E, fundamentalmente, não afastam os usuários das drogas.

Não há outro jeito de minimizar as drogas na sociedade senão a partir de um processo de educação, nas escolas e fora delas. É preciso que, seriamente, se desenvolvam campanhas de esclarecimento quanto aos malefícios das drogas – a maconha entre elas -, como se fez, por exemplo, com o cigarro. É inegável que o combate institucional ao fumo deu resultados e , hoje, a sociedade como um todo já se posiciona claramente contra .

Substituir a criminalização pelo processo educativo é, parece-me, a única estrada a trilhar se queremos minimizar o uso da droga e impedir a sua crescente disseminação na sociedade, sob formas mais perversas ainda, como estamos vendo acontecer com o crack e o oxi.

Dizem os entendidos que a maconha não traz os males que outras drogas provocam à saúde. Pode ser. Parece-me, porém, que o processo de sua descriminalização – que , em princípio, defendo – tem que ser acompanhado de outras providências para que não provoque, pela “tendência ao proibido”, uma corrida a outras drogas mais pesadas e letais.

De qualquer forma, não dá para fingir que não estamos vendo. Não dá para fechar os olhos a esse processo de alienação que as drogas provocam , como fuga à realidade e acomodação. Um certo “pão e circo” que imobiliza tantos jovens, para lucros e conveniências de outros não tão jovens assim...

Acho que temos que discutir sobre a quem incriminar nesse processo. Para mim, é óbvio que não se podem eximir de crime os fornecedores, os que movimentam somas astronômicas com o tráfico e lucram com a infelicidade alheia. Esse assunto tem que vir expressivamente à tona e, quem sabe, tudo possa redundar em um grande plebiscito nacional, fórmula que, cada vez mais, a julgar pela falta de representatividade dos nossos legisladores, considero a ideal para a busca das grandes soluções que o país exige.

(*) Rodolpho Motta Lima é advogado formado pela UFRJ-RJ (antiga Universidade de Brasil) e professor de Língua Portuguesa do Rio de Janeiro, formado pela UERJ , com atividade em diversas instituições do Rio de Janeiro. Com militância política nos anos da ditadura, particularmente no movimento estudantil. Funcionário aposentado do Banco do Brasil.

Fonte: Direto da Redação, em 23/07/2011

quinta-feira, 23 de junho de 2011

terça-feira, 21 de junho de 2011

O jornalista que virou fonte!

Galerinha,

Fui entrevistado neste último final de semana sobre a Marcha da Maconha...

Conheçam um pouco da minha opinião sobre o assunto no PodCast!!!

A matéria da agência Radioweb foi utilizada por 383 rádios (211 comerciais, 144 comunitárias e 28 educativas), de 337 cidades. Um público potencial de mais de 57,5 milhões de pessoas!!!

Muito legal!!!


segunda-feira, 20 de junho de 2011

Chico Buarque se lança (e se rende) ao ciberespaço

Um dos maiores nomes da música brasileira, o cantor e compositor Chico Buarque, parece finalmente ter aderido aos encantos da internet. Primeiro anunciou que seu próximo álbum, a ser lançado em 20 de julho, terá pré-venda pelo site www.chicobastidores.com.br e que os compradores terão acesso a vídeos com detalhes das gravações e acesso aos videoclipes das músicas.

Chico Buarque se lança (e se rende) ao ciberespaço

Reprodução do cartaz da peça "Calabar, o Elogio da Traição", de 1973, no acervo digital de Chico Buarque (Foto: ©Reprodução)

O passo seguinte foi dado na sexta-feira (17). Agora, internautas interessados poderão encontrar toda a vida e obra do mestre no site www.jobim.org. Para festejar o lançamento do acervo – que foi digitalizado pelo Instituto Antonio Carlos Jobim – , acontece uma exposição no Jardim Botânico, zona sul do Rio, cidade natal do artista.

A exposição, que ficará em cartaz durante três meses, de terça-feira a domingo, das 10h às 17h, reúne boa parte do que há no site, com fotos ampliadas e um grande painel cronológico da vida de Chico Buarque, com os fatos mais marcantes de sua biografia destacados. A curadoria é de Elianne Jobim, filha de Tom Jobim, também responsável pelo design, que assina em conjunto com Renata Ratto. A arquitetura é de Andres Neumann.

Ao todo, o banco de dados na internet possui 35.712 itens, que incluem reportagens de toda a sua carreira, roteiros para trabalhos em cinema e teatro, além das cerca de 600 faixas da discografia completa de Chico Buarque, que poderão ser ouvidas na íntegra.

Destaca-se também a inclusão de exatos 7.916 documentos, como os manuscritos das letras e das partituras, e pelo menos uma curiosidade – os cadernos infantis e a história em quadrinhos “Chico-Mirim”, que ele criou nos tempos de colégio.

Porém, os setores de vídeos e correspondências ainda não estão abertos ao público em geral, esperando pela solução de entraves jurídicos.

Fonte: Rede Brasil Atual, em 19/06/2011


Com blues, samba e valsa, Chico Buarque lança CD inclusive na internet

Com uma valsa, um blues e um samba, compostos nesta ordem, Chico Buarque vai lançar o primeiro CD desde 2006 (Carioca). O cantor e compositor cedeu ao apelo virtual e lançará seu disco, Chico, pela internet, em promoção que começará nesta segunda-feira (20), um dia após o 67º aniversário de Chico. O CD chegará às lojas apenas um mês depois.

Segundo vídeo divulgado nesta terça-feira (14) pela assessoria do artista, as três canções citadas, em estilos diferentes, foram feitas com intervalo de um a três meses entre uma e outra. Foi o tempo necessário, conta Chico, para ficar "fazendo, compondo, desfazendo e recompondo, até chegar à forma definitiva".

Chico será o 29º disco solo, considerando compactos que contêm músicas que não aparecem em outros álbuns. A conta se baseia na página oficial de Chico Buarque na internet.

Quem aderir à pré-venda por meio de um site criado especialmente para a promoção, receberá uma senha para ouvir, em streaming, a primeira música de trabalho do disco, que será revelado aos poucos. "Como uma espécie de obra em progresso, o site revelará, aos poucos, todos os elementos do disco – título, capa, músicas –, até que ele ganhe o seu contorno completo. Quando o lançamento nas lojas estiver próximo, o site postará um clipe por dia, até que em 20 de julho o material será exibido em forma de documentário.

No intervalo entre um CD e outro, Chico voltou a se dedicar à literatura. Em 2009, publicou Leite Derramado, seu quarto romance, que no ano passado deu ao compositor o prêmio Jabuti de literatura de melhor livro do ano em ficção, tanto no júri oficial como no popular, em episódio que causou alguma polêmica. Chico ficou algum tempo quieto, como de hábito, mas depois reagiu, mandando uma carta a um jornal, destacando que a mesma situação já ocorrera outras vezes, sem que alguém reclamasse. "Acho que as pessoas não se conformam que um cantor e compositor popular possa ganhar prêmio como escritor", afirmou, em entrevista recente.

Uma das faixas de Chico, a "valsa russa", conforme ele definiu, chama-se Nina. "Nasceu com cara de russa", explicou o atacante do Politheama, time que nasceu nas mesas de futebol de botão e migrou para os gramados.

Fonte: Rede Brasil Atual, em 14/06/2011

sexta-feira, 17 de junho de 2011

4 Festas para 1 só Data

Terça que vem, dia 21, é o dia mais importante do ano, feriado UNIVERSAL!!!

Sim, podem se programar.... Não tem nada dessa coisa de início de inverno....

É MEU ANIVERSÁRIO!!! (vamos lá, todo mundo: "EEEEHHHHHHHHH!!!!!")

E vamos aproveitar o solstício, a noite mais longa do ano, com MUITA alegria e diversão!!!

Como estou chegando aos 35 anos, a comemoração é em dose QUÁDRUPLA!!!

Isso mesmo, você leu certo: são QUATRO festas!!!

É impossível você não conseguir aparecer em nenhuma. Música e dança para todos os bons gostos (quase todos, afinal pagode, funk e sertanejo universitário não rola MESMO....)

Então se programem e apareçam em uma ou mais festas... Os mais animados, VÃO EM TODAS!!!!

O calendário completo vai ao final.....

ABRAÇOS para os manos e BEIJOS para as minas!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!
======================================================

FESTA OFICIAL 2011
Dia 21 de junho, a partir das 20h!!!

(Choperia Maracanã - 207 Norte)

(não viu o Flyer???? Veja ele com todas as informações em http://guiadecidades.terra.com.br/pe/baladas-musica-ao-vivo-maracana-tem-o-melhor-do-samba-de-raiz-nas-tercas-en-brasilia/fotos/9543)


RESSACA OFICIAL 2011
Dia 22 de junho, a partir das 21h!!

(Cervejaria Stadt Bier - SIG quadra 6)


(não viu o Flyer???? Veja ele com todas as informações em http://img805.imageshack.us/img805/8813/capitaldorockjunhob.jpg e http://img807.imageshack.us/img807/7983/capitaldorockjunhoverso.jpg)
SÂO DOIS!!!!!


AUSÊNCIA OFICIAL 2011
Você já não foi nas duas primeiras, agora sou eu que não vou... re, re, re...
Dia 23 de junho, a partir das 21h!!
(Roschti Rock Bar - Pier 21 - antigo HOOTERS)

(não viu o Flyer???? Veja ele com todas as informações em http://www.picoolio.com/photos/original/31452-a534e.jpg)

BLACK SOUL 2011
Jazz, Funk e Soul em uma só noite! Show surpresa durante a noite!!!
Dia 16 de julho, no Pub do Márcio!!
(Informações detalhadas serão enviadas na volta das minhas férias)

domingo, 5 de junho de 2011

João Nogueira canta mineira no Clube do Samba (Histórico)

Esse vídeo é histórico mesmo!!!

Fiz até um Haicai! re, re, re...

Quem gosta de samba /
Bom sujeito que é /
Sabe que Clara/
É a maior mulher!


Divirtam-se!!!!

domingo, 29 de maio de 2011

Clipe contra companhia aérea por violão quebrado vira hit no YouTube

Galerinha,

Mesmo sendo uma matéria antiga (julho de 2009), decidi postar, pois mostra que o poder que o consumidor tem nas mãos, quando decide atuar contra desmandos e arbitrariedades!

ABRAÇOSSSS
============

Um músico canadense que teve seu violão danificado durante um vôo nos Estados Unidos se transformou no novo hit na internet. Quase 4 milhões de pessoas já viram no YouTube um videoclipe que ele gravou com uma reclamação musicada contra a companhia aérea.

O sucesso do vídeo fez com que a United Airlines, que inicialmente havia se recusado a indenizar o músico, revisse sua posição.

O vídeo do músico Dave Carroll, intitulado United Breaks Guitars (A United Quebra Violões), foi postado no começo de julho.


Cena do videoclipe 'United Breaks Guitars', de Dave Carroll
Cena do videoclipe 'United Breaks Guitars', de Dave Carroll


O incidente ao qual Carroll se referia ocorreu em março de 2008, durante uma escala em Chicago parte de um vôo de Halifax, no Canadá, a Nebraska, nos Estados Unidos, onde ele se apresentaria com sua banda de folk-rock Sons of Maxwell.

Compensação
Segundo o músico, o conserto de seu violão quebrado durante o transporte custou 1.400 dólares canadenses (o equivalente a R$ 2.425), mas a companhia inicialmente se recusou a pagar.

Após meses tentando, sem resultados, uma compensação da companhia, Carroll, de 41 anos, resolveu postar o videoclipe com a reclamação no YouTube.

“Vocês quebraram, deveriam consertar. Vocês são responsáveis, admitam. Eu deveria ter voado com outra companhia ou ido de carro, porque a United quebra violões”, diz ele na música.

Em uma cena do clipe, atores representando carregadores de bagagem jogam entre eles, sem cuidado, uma caixa de violão, que cai no chão, enquanto Carroll e outros passageiros veem a cena das janelas do avião.

Com o sucesso do vídeo no YouTube, Carroll foi convidado para entrevistas em várias partes do mundo, incluindo o Oprah Winfrey Show, um dos programas de maior audiência da TV americana.

iTunes
O caso também trouxe benefícios para o músico. A canção United Breaks Guitars é atualmente a 20ª mais vendida na lista do iTunes no Canadá, e as vendas dos CDs da banda Sons of Maxwell também subiram.

Além disso, a fabricante do violão danificado ofereceu a ele um novo instrumento para ser usado em suas próximas composições.

Carroll disse à BBC que quando o seu vídeo no YouTube começou a fazer sucesso, a United escreveu uma carta a ele sugerindo compensá-lo pelo violão quebrado, mas ele diz ter negado e pedido à companhia que doasse o dinheiro a instituições de caridade.

O músico diz que em sua correspondência com a companhia ele prometeu compor três músicas sobre o incidente. Uma segunda música já estaria pronta e prestes a ser colocada na internet.http://www.blogger.com/img/blank.gif

Em uma carta enviada a uma TV canadense, a United Airlines disse que está em contato com o músico e quer retificar seus erros no caso.

Um porta-voz da companhia disse ao jornal americano The Los Angeles Times que “o vídeo é excelente” e será usado em treinamentos internos sobre atendimento ao cliente.

Em entrevista à BBC, o músico disse que o sucesso do vídeo o surpreendeu. “Eu esperava ter um milhão de acessos em um ano”, disse.

Fonte: BBC, em 24/07/2009

sexta-feira, 20 de maio de 2011

A vida de um fuçador de notícias

Por Kevin Baker em 17/5/2011

Ele conhecia todo mundo e ia para toda parte. Foi confidente de presidentes, mentor de dois dos mais influentes jornalistas da história dos Estados Unidos, amigo de industriais, artistas, militantes políticos, comunistas e boêmios. Dizia que passara o resto de sua vida pós-universitária "desaprendendo" tudo o que lhe haviam ensinado. Ele percebia todas as falsas aparências, os ardis e as mentiras – mesmo as que contava a si próprio – até que, no final, foi enganado pela maior de todas.

Atualmente, Lincoln Steffens não é muito lembrado, embora a envolvente biografia de Peter Hartshorn – I have seen the future – deixe claro por que deveria ser. Como um dos fuçadores originais, Steffens escrevia revelações para jornais e revistas que davam ao jornalismo um novo objetivo, uma voz na democracia norte-americana para lá da simples aceitação de um lado ou do outro.

Nascido em 1886, filho de um empresário rico – uma das residências da família viria a ser a mansão do governador da Califórnia –, Steffens passou uma infância idílica explorando os arredores de Sacramento montado em seu querido pônei. Foi educado, desde cedo, nas coisas do mundo, descobrindo que as corridas de cavalos em que seu pai apostava eram "arranjadas" para se tirar vantagem dos otários. Embora gostasse de seu pai, "não dava a mínima para otários" – e decidiu que jamais seria um deles.

No lugar certo, na hora certa

Após conseguir a graduação (e uma noiva secreta) em Berkeley – "É possível conseguir educação numa universidade. Isso já foi feito; mas não é comum" – Steffens persuadiu seu pai a mandá-lo à Europa para três anos de estudo de filosofia, ética, história da arte e ciência. Aplicado, lia de tudo e estudou em universidades da Alemanha e da França. Mas, também aqui, ficou frustrado com seus professores: "Eles não concordavam sobre o que era o conhecimento, nem sobre o que era bom ou ruim, nem porquê." De volta aos Estados Unidos com um baú cheio de roupas inglesas, "um ensaio do tamanho de um livro sobre ética" uma jovem (e secreta) esposa e vagas intenções de se tornar um empresário, o jovem Steffens, de 26 anos, tomou um susto ao receber uma carta de seu pai com cem dólares e a ordem de "ficar em Nova York e se virar" até aprender o "lado prático" da vida.

Foi assim que ele se fez. Virando-se desesperadamente, orgulhoso demais para dizer à família que tinha casado, descolou trabalho como repórter do New York Evening Post, onde aprendeu as manhas de Wall Street e das favelas de imigrantes do Lower East Side e ganhou a amizade de um jovem e truculento corregedor de polícia chamado Theodore Roosevelt. Aprendeu a escrever e investir e, em nove anos, transformou-se no editor administrativo da McClure´s, uma das mais populares e respeitadas revistas do país.

Como sempre, estava no lugar certo, na hora certa. O volúvel Sam McClure estava transformando a publicação que trazia seu nome numa revista que iria rip the veil da vida norte-americana, forçando os leitores a se confrontarem com a corrupção que encharcara todos os cantos de sua democracia. Apenas a edição de janeiro de 1903 trazia um capítulo de Ida Tarbell sobre a história revolucionária da Standard Oil Company; uma matéria de Ray Stannard Baker sobre uma greve de mineiros na Pensilvânia; e uma investigação do próprio Steffens sobre corrupção política em Mineápolis.

Um homenzinho delicado e cômico

Nunca ninguém fizera esse tipo de jornalismo. McClure abordou os monopólios das corporações e as engrenagens políticas, as péssimas condições em que vivia e trabalhava a maioria dos norte-americanos, a comida infecta e a água contaminada que comiam e bebiam. O público devorava a revista, ainda que reclamando por matérias mais "positivas". (Mas não era o caso. Um livro que Steffens escreveu especificamente sobre campanhas de reformadores, Upbuilders, vendeu toda sua tiragem de 684 exemplares no primeiro ano.)

Steffens queria ir além da simples ideia de que "os males políticos se deviam a algum tipo de homens maus e eram sanáveis se estes fossem substituídos por homens bons". Trabalhando constantemente, viajando sem parar, ele visitou uma cidade após outra, tentando decifrar como todo o sistema funcionava – tanto por que ele era corrupto, quanto como. Se pôs ao trabalho com uma inteligência penetrante, uma grande solidariedade humana e um jeito especial para criar frases; seria possível escrever livros inteiros com seus aforismos: "Nunca mais fui confundido com um homem honesto por um malandro"; "As pessoas pedem aos políticos para serem honestos; eu peço-lhes que sirvam o público"; "Nada dá mais errado que o sucesso"; "Você não pode estuprar apenas um pouco".

Naqueles tempos maravilhosos, antes dos especialistas em relações públicas, ele tinha a fascinante habilidade de conseguir que qualquer pessoa se abrisse com ele, inclusive os seus objetivos – o barão madeireiro Frederick Weyerhaeuser, assim como o chefão da Tammany Richard Croker, ou o magnata dos jornais William Randolph Hearst, o qual, segundo Hartshorn, disse que Steffens foi "o entrevistador mais eficiente que teve pela frente". Havia algo de irresistível neste homenzinho delicado, cômico e que, segundo Malcolm Cowley, "parecia a versão de um cartunista de um artista dândi francês".

"Eu vi o futuro e ele funciona"

Ele consegui manter a amizade com Roosevelt e, depois, Woodrow Wilson, mesmo quando lhes disse que estavam errados – o que não é pouca coisa. Seus afilhados incluíam John Reed e Walter Lippman; seus amigos, o ator James Cagney e James Joyce. Ele sempre parecia estar onde as coisas aconteciam: com boêmios mais jovens no salão Mabel Dodge, na Greenwich Village; ou com os expatriados da geração perdida na França, após a I Guerra Mundial. Quando Hadley Richardson perdeu todos os manuscritos que pertenciam a seu marido, Ernest Hemingway, ela os tinha levado para Lausanne, para uma leitura minuciosa por parte de Steffen.

Nessa época, ele já lamentava seu passado. Os fuçadores haviam conseguido coisas fantásticas: as investigações que Steffens fizera em Wall Street, por exemplo, haviam conduzido a nada menos que o sistema do Federal Reserve (Banco Central norte-americano). Mas isso não era o suficiente. Steffens se desiludira pela pouca duração que conseguia com dados bem fuçados, pela rapidez com que reformadores eram varridos do governo, ou as reformas eram negligenciadas assim que o últimos escândalo tivesse passado. Por algum tempo, encontrou uma resposta no cristianismo – "A doutrina de Jesus Cristo é a propaganda mais revolucionária que encontrei até hoje" – embora se lamentasse – "Nunca ouvi a pregação de um sermão numa igreja." Ainda mais desiludido com a contínua violência entre trabalho e capital, com a matança da I Guerra Mundial e com a colcha de retalhos que foi o tratado de paz de Versalhes, ele retomou sua velha busca pela certeza, por "fatos de valor científico" que resolvessem todos os problemas sociais.

E ele fez sua escolha. A política "científica" estava disponível entre as duas guerras. Intrigado com Mussolini, Steffens foi cativado por Lênin, que ele entrevistou rapidamente durante a revolução. Tornou-se um dos primeiros daquele triste bando de intelectuais ocidentais a cair de joelhos diante da União Soviética. Ao contrário da maioria deles, não negou os relatos de atrocidades que vazavam do paraíso proletário. E pior: ele simplesmente achava isso necessário para gerar as grandes mudanças que viriam. Nunca recuou de sua primeira e infame impressão da URSS: "Eu vi o futuro e ele funciona." Vivendo uma vida confortável com o dinheiro que ganhava de ações aplicadas, insistia que "nada deve abalar nossa perfeita lealdade ao partido e a seus líderes" e que "a noção de liberdade é falsa, é uma ressaca da nossa tirania ocidental".

Uma biografia prodigiosa

Essa posição olímpica revelava um traço frio em sua natureza calorosa, algo que também estava presente na forma emocionalmente sádica com que tratava as mulheres. Quando procurava um apartamento para dividir com Steffens, uma de suas amantes ficou chocada ao encontrá-lo fazendo precisamente a mesma coisa – com outra mulher. "Será que eu sou amoral? Não sei. Mas tenho certeza de que posso ser cruel com as pessoas que me amam", confessou a um amigo. "Não consigo compreender a mim mesmo."

Revelações desse tipo talvez o tenham informado que nenhum sistema – científico ou de qualquer outro gênero – mudaria a natureza da essência humana. Mas, como qualquer otário, Steffens não conseguia se livrar de seus delírios. Tinha a sorte de poucos lhe darem atenção. Hartshorn avalia que seu apoio cego aos comunistas, embora revoltante, não deveria divergir "da influência significativa que ele teve tanto na profissão de jornalismo, quanto na natureza do governo nos Estados Unidos". Ele não só tem razão, como, em apoio a essa opinião, produziu uma biografia prodigiosamente pesquisada, fantasticamente interessante e extremamente bem escrita. Steffens teria ficado gratificado com a forma pela qual Hartshorn o virou pelo avesso.

Fonte: Observatório da Imprensa, em 17/05/2011

Telescópio da NASA confirma que energia escura é real

Uma pesquisa que durou cinco anos e cobriu 200.000 galáxias, levou a uma das melhores confirmações de que é mesmo a energia escura que está acelerando a expansão do Universo.

O estudo, que representa um retorno de até sete bilhões de anos no tempo cósmico, usou dados da sonda espacial Galex (Galaxy Evolution Explorer: Exploração da Evolução das Galáxias) e do Telescópio Anglo-Australiano instalado na montanha Siding Spring, na Austrália.

Telescópio Galex confirma que energia escura é real
Os resultados dão suporte para a principal interpretação sobre como funciona a energia escura, e mais uma vez dão razão a Albert Einstein sobre a gravidade e a constante cosmológica. [Imagem: NASA/JPL-Caltech]

Os resultados dão suporte para a principal interpretação sobre como funciona a energia escura - como uma força constante, afetando uniformemente o Universo e impulsionando sua expansão.

Por decorrência, os dados contradizem uma teoria alternativa, que propõe que seria a gravidade, e não a energia escura, a força que impulsionaria a expansão do Universo. De acordo com esta teoria alternativa, com a qual os novos resultados não são consistentes, o conceito de Albert Einstein da gravidade estaria errado, e gravidade tornar-se-ia repulsiva, ao invés de atrativa, quando atuando em grandes distâncias.

"Os resultados nos dizem que a energia escura é uma constante cosmológica, como Einstein propôs. Se a gravidade fosse a responsável, então não estaríamos vendo esses efeitos constantes da energia escura ao longo do tempo," explica Chris Blake, da Universidade de Tecnologia Swinburne, na Austrália, e líder da pesquisa.

Energia escura

Acredita-se que a energia escura domine o nosso Universo, perfazendo cerca de 74 por cento dele. A matéria escura, uma substância não menos misteriosa, é responsável por 22 por cento. A chamada matéria normal, ou matéria bariônica - qualquer coisa que tenha átomos - representa apenas cerca de 4% do cosmos.

A ideia da energia escura foi proposta durante a última década, com base em estudos de estrelas distantes que explodiram, conhecidas como supernovas.

As supernovas emitem uma luz constante e mensurável, o que as torna uma referência inigualável, que permite o cálculo de sua distância da Terra com grande precisão.

As observações revelaram que algo - que veio a ser chamado de energia escura - estava fazendo aumentar a aceleração desses objetos celestes.


Telescópio Galex confirma que energia escura é real
O observatório de ultravioleta GALEX (Galaxy Evolution Explorer) foi lançado no dia 28 de Abril de 2003. [Imagem: NASA/JPL-Caltech]

Energia escura versus gravidade

A energia escura disputa um cabo-de-guerra com a gravidade.

A teoria atual propõe que, no início do Universo, a gravidade assumiu a liderança, dominando a energia escura.

Cerca de 8 bilhões de anos após o Big Bang, com o espaço se ampliando e a matéria se diluindo, as atrações gravitacionais enfraqueceram e a energia escura tirou o atraso.

Se isto estiver correto, daqui a bilhões de anos a energia escura será ainda mais dominante.

Os astrônomos preveem que o nosso Universo será um verdadeiro deserto cósmico, com as galáxias se distanciando tanto umas das outras que quaisquer seres que viverem dentro delas não serão capazes de ver outras galáxias.

Era da energia escura

Esta é a primeira vez que astrônomos fazem essa checagem cobrindo todo o período de vida do Universo desde que ele foi dominado pela energia escura.

A equipe começou montando o maior mapa tridimensional já feito das galáxias do Universo distante. Isto foi feito pelo Telescópio de ultravioleta GALEX, que mapeou cerca de três quartos do céu, observando centenas de milhões de galáxias.

O Telescópio Anglo-Australiano coletou informações detalhadas sobre a luz de cada galáxia, o que permitiu estudar o padrão de distância entre elas - ondas sônicas do Universo jovem deixaram marcas nos padrões de galáxias, fazendo com que pares de galáxias sejam separados por aproximadamente 500 milhões de anos-luz.

Essa "régua padrão" foi usada para determinar a distância entre os pares de galáxias e a Terra - quanto mais próximo um par de galáxia estiver de nós, mais distantes elas irão aparecer uma da outra no céu.

Tal como acontece com os estudos de supernovas, estes dados de distância foram combinados com informações sobre as velocidades nas quais os pares estão se afastando de nós, revelando, mais uma vez, que o tecido do espaço está se esticando cada vez mais rápido.

Fonte: Inovação Tecnológica, em 20/05/2011

terça-feira, 10 de maio de 2011

O engodo do futebol-empresa

Por Irlan Simões, colaborador de Outras Palavras

Em maio de 2010 o Esporte Clube Vitória selou por definitivo a última parcela da recompra das ações vendidas no período do Vitória S.A, artifício criado pelo clube para a sua entrada no mercado financeiro. Dois anos antes, Jorge Sampaio, então presidente da Sociedade Anônima revelara a sua satisfação com o fim da aventura: “o importante é que seremos donos do nosso próprio nariz”1.

Voltemos ao passado, para entender em que momento o torcedores do Vitória deixaram de ser donos do próprio “nariz”, quem eram os donos, e o que isso representava ao clube até aquele momento.

Ainda no ano de 2000, cerca de seis meses após o Vitória conquistar o 4º lugar no campeonato brasileiro, e pouco mais de um ano após o centenário do clube, o então presidente, Paulo Carneiro, selou um contrato até então inédito no Brasil. Vendeu 50,1% das ações do Vitória S.A – que cuidava apenas do departamento de futebol da entidade esportiva – para investidores argentinos do Fundo Exxel Group.

O banco se tornaria, desse modo, o primeiro acionista a investir no futebol brasileiro nesses moldes. Era um momento de grandes mudanças no esporte mais popular do país. O negócio foi visto como marco desse momento. Elogiado de vários flancos, o Vitória entrou de cabeça numa “parceria”, na qual já planejava grandes ganhos nos anos que viriam. Nem o clube, nem a imprensa – que tanto apoiou o processo – imaginavam o caos em que se transformaria a vida do rubro-negro baiano nos anos seguintes.

O “novo momento” do futebol brasileiro era a tal “profissionalização e garantia da ética empresarial” nos clubes. Um movimento que alterou juridicamente os estatutos dos clubes, a ‘função-social’ do desporto profissional e por fim, os atores que mandariam no futebol brasileiro.

Inspirado no modelo europeu, que havia sido inaugurado ainda na década de 1980, o futebol brasileiro viu-se obrigado a se “modernizar”. Um verdadeiro copia-e-cola foi re-editado na chamada Lei Zico. Num artigo feliz, o sociólogo Emir Sader qualificou o movimento como a introdução do “neoliberalismo no futebol”2.

O processo havia começado exatamente na Inglaterra de Margareth Thatcher, a governante para quem não havia alternativas à submissão das sociedades aos mercados, a concorrência e à busca pelo lucro como fim.

A nova doutrina política e econômica invadiu o futebol – já então, um jogo popular em qualquer parte do globo. Thatcher e seus seguidores tinham um argumento-engodo para conseguir apoio de diversos setores da sociedade. Para eles, a mercantilização era indispensável para enfrentar o domínio dos estádios pelos hooligans, os torcedores ultra-violentos. No Brasil, mais tarde, um imenso coro de jornalistas, ex-atletas e políticos influentes usariam como pretexto o suposto combate ao poder dos “cartolas”.

De fato, a “cartolagem” precisava ser exterminada. Foram incontáveis os casos de abuso de poder, negociações ilícitas, uso do futebol para fins políticos, manipulação de resultados e todo tipo de falcatrua possível. Os velhos dirigentes do futebol tornaram-se verdadeiros “piratas”, como disse uma vez Juca Kfouri. Eram verdadeiras máfias que se apropriaram do jogo.

O próprio Juca Kfouri, um dos jornalistas mais influentes e empenhados que passaram pelo futebol brasileiro, foi um verdadeiro militante (como o mesmo se intitula) da causa do jogo. Um dos principais articuladores políticos da Lei Pelé – que viria a substituir, corrigir, e tornar mais forte o que a Lei Zico propôs –, era conhecido também por ser um caçador de cartolas, inimigo número um de senhores como Eurico Miranda, presidente do Vasco da Gama. Juca considerava o futebol “um negócio grande demais para ser deixado nas mãos de ‘amadores’ que só fazem enriquecer sem prestar contas a ninguém”, como afirmou, em 1995, em sua coluna na Folha de São Paulo, ainda no ano de 1995. Reconheceria, anos depois, no que o projeto não funcionou3.

A Lei Pelé bateria o martelo, em definitivo, na obrigatoriedade de os clubes de assumirem o caráter de empresas. Oferecia três opções: tornarem-se sociedades civis de fins econômicos, mantendo portanto um quadro de associados, mesmo depois de abrir seu capital (o caso do Vitória S.A); tornarem-se sociedades comerciais, a versão mais acabada de clubes-empresas, que têm proliferado pelo Brasil (Grêmio Prudente/Barueri, RedBull F.C, Pão de Açucar); ou , simplesmente contratar uma empresa com fins lucrativos para a gestão dos seus negócios.

Quinze anos após a Lei Pelé, constata-se que os cartolas perderam, de fato, alguma força. Transferiu-se um pouco do seu poder quase feudal sobre os clubes para entregá-los… ao poder corporativo! Mesmo sofrendo notáveis alterações, a lei não solucionou de forma alguma os problemas do futebol. Pelo contrário, criou outra forma de apropriação sobre o jogo, que tem se revelado, por incrível que pareça, muito pior do que os desmandos dos cartolas.

Nos estádios europeus, e ainda timidamente em alguns estádios brasileiros, já há um grupo de torcedores críticos. Eles perceberam que cartolas e capitalistas, apesar de suas diferenças, têm algo muito forte em comum. Ambos os grupos buscam o benefício próprio, em detrimento das verdadeiras razões do futebol existir, expressas nas relações culturais entre torcedores, clubes e jogadores. Os europeus expressam seu protesto através de faixas com dizeres como: “Não ao Futebol Moderno”, destacando a sua indignação com o que se tornou o jogo após tal a “profissionalização”.

Os homens das corporações ainda estão presente, seja travestidos de dirigentes, empresários geniais ou agentes caridosos. O Palmeiras sofreu com sua parceria com J.Hawilla e a Traffic. O Corinthians viveu seus momento de agruras com a MSI, o Flamengo com a ISL, o Cruzeiro com a Hick&Muse… O Vitória, com o Exxel Group.

Um antigo empregado do banco argentino, Flávio Raupp, contratado para representá-lo na “parceria” revelou ao próprio blog4 de Juca Kfouri o que os investidores pensavam, ao comprar mais da metade das ações, e consequentemente adquirir maior poder de decisão do Vitória S.A por 6 milhões de reais: “um negócio da China”. Não é difícil entender a quem serviu esse negócio.


1 “Por economia de R$ 5 milhões, Vitória deixa de atuar como S/A” Correio da Bahia, 16 de dezembro de 2008.

2“Neoliberalismo no Futebol” 13 de dezembro de 2006, http://www.cartamaior.com.br/templates/postMostrar.cfm?blog_id=1&post_id=80

Drogas: muito além da hipocrisia

Por Henrique Carneiro*

Uma política sobre drogas deve abranger os três circuitos de circulação das substâncias psicoativas existentes na sociedade contemporânea: o das substâncias ilícitas, o das lícitas de uso recreacional e o das lícitas de uso terapêutico.

A divisão estrita entre estes três campos é recente e sempre vem se alterando. O álcool já foi remédio, tornou-se droga proibida e voltou a ser substância de uso lícito controlado. Outras, como os derivados da Cannabis, que por milênios fizeram parte de inúmeras farmacopéias, foram objeto de uma proscrição oficial no século 20, a ponto de a ONU querer “erradicar” essa planta – assim como outras, tais como a coca e a papoula, produtora de ópio. Hoje, entretanto, a Cannabis tem uso medicinal reconhecido em muitos estados norte-americanos e em outros países.

Qual a fronteira conceitual estrita que separa essas drogas? LSD, DMT1 ou MDMA2 não possuem usos terapêuticos? O que é recreacional e o que é terapêutico? Esse último campo deve estar submetido apenas a monopólios de especialistas ou deve também abranger um amplo uso de técnicas de auto-cura?

Pretendo, neste texto, defender um regime mais “equalizador” em relação aos três tipos de substâncias mencionadas. Ao mesmo tempo que antiproibicionista, ele deve ser mais severo no que diz respeito à interdição da publicidade e à facilidade do acesso. Como “substâncias essenciais”3 as drogas psicoativas não devem estar ligadas a emprendimentos que estimulem continuamente o consumo os lucros crescentes que decorrem dao interesse privado. Defendo assim, a criação de um “fundo social” constituído com o faturamento de um mercado legalizado e estatizado de produção de drogas psicoativas em geral — tanto as hoje ilícitas como as legais.

* * *

A indústria farmacêutica, no seu conjunto, concentra alguns dos maiores grupos empresariais do planeta. Hiperconcentrada, hiperlucrativa e em acelerado crescimento nas últimas décadas (faturou 773 bilhões de dólares em 20084). Estreitamente vinculada ao setor de produção de sementes transgênicas e agrotóxicos, esta indústria fundiu-se com a de alimentos por meio de várias compras e fusões empresariais. O ramo do tabaco também está imbricado com o setor alimentar e farmacêutico.

A última ameaça global pandêmica da gripe suína representou um crescimento ainda mais explosivo da indústria farmacêutica que já era um dos mais expansivos e poderosos.

Assim como ocorre com outros mercados, ele se reveste de uma hipertrofia excessiva nos países centrais e de uma carência enorme nos países periféricos.

A África tem apenas 1% do mercado farmacêutico, embora tenha epidemias como a da Aids que necessitariam enormemente de medicamentos. Desde o início do século 21, a África do Sul ameaçou desafiar o regime de patentes que impedia a venda barata de produtos monopolizados por grandes laboratórios e começar a produzir genéricos num laboratório indiano. A patente do retroviral stavudine pertence a universidade de Yale (e rende 90% dos royalties dessa universidade, várias centenas de milhões de dólares), mas ela a cedeu em exclusividade para o laboratório Squibb (BMS), que após uma grande disputa ofereceu o medicamento a um preço menor para os africanos mas sem quebrar o seu monopólio.

Esse monopólio de patentes como direito de propriedade intelectual representa uma forma de exclusivismo na circulação do conhecimento e é um dos pilares da forma atual de funcionamento do comércio internacional que favorece a acumulação de capital em detrimento dos interesses sociais da maioria da humanidade.

É possível quebrar monopólios de patentes (cuja duração é de vinte anos), em casos como uma epidemia ou a segurança nacional, mas mesmo na recente pandemia da gripe H1N1 não se colocou em causa a quebra da patente do Tamiflu. Os medicamentos continuam a ser produtos caríssimos e sua obtenção não está incluída nos planos de saúde.

Sabe-se que ao menos 1/4 de todos os remédios da indústria farmacêutica derivam de saberes fitoterápicos de povos tradicionais, que identificaram a maior parte das plantas medicinais e alimentares5. Os povos do mundo, entretanto, não recebem royalties e nem tampouco nunca lhes ocorreu monopolizar esse saber de forma implacável como faz a indústria farmacêutica.

Dentre o conjunto dos medicamentos (que totalizam em média cerca de 15% dos orçamentos de saúde nos países centrais), destacam-se os chamados de psicoativos, que são os indicados para os estados de humor, como promoção da alegria e combate à tristeza; para os problemas mentais, como ansiedade ou falta de concentração; para o aumento do desempenho intelectual ou físico; para a tranquilização, sedação e analgesia; para a excitação sexual, etc.

Existem, portanto, três circuitos de circulação de drogas psicoativas na sociedade. O das substâncias ilícitas compõe um mercado paralelo e clandestino, cujo volume é calculado em torno de 400 bilhões de dólares, alimentado basicamente dos derivados de algumas das plantas mais tradicionais da história da humanidade: a coca, a canábis e a papoula. Cada vez mais cresce também um número de centenas de moléculas sintéticas novas que vêm sendo desenvolvidas nos últimos anos em laboratórios clandestinos. O montante do faturamento e as consequências sociais em geral associadas a essas drogas – como a violência e alto índice de aprisionamento – decorrem não do efeito específico das substâncias mas, sobretudo, da sua condição de ilegalidade.

O circuito das substâncias lícitas de uso recreacional, como o tabaco, as bebidas alcoólicas e cafeínicas, é regido pela legalidade, trazendo assim problemas relacionados ao uso abusivo ou excessivo e seus efeitos sociais – mas não uma violência intrínseca. É um mercado poderoso, de grandes multinacionais associadas à indústria da alimentação, mas também conhece micro-produtores domésticos ou artesanais. Todas estas substâncias já foram objeto de perseguição e tentativas de proibição. No caso do álcool, provocaram os problemas ligados à chamada “lei seca” que vigorou de 1920 a 1933 nos Estados Unidos.

O circuito que mais notável nas últimas décadas, entretanto, foi das substâncias da indústria psicofarmacêutica, chamados de remédios psicolépticos, psicoanalépticos e psicodislépticos. Desenvolvido especialmente a partir do segundo pós-guerra, é o mais rentável e o que mais tem crescido. É o de circulação mais volumosa, com maior número de consumidores e faturamento. Seus grandes fundamentos são o sistema de patentes, o monopólio médico da prescrição, um mercado publicitário dirigido para quem toma a droga mas também corruptor de quem a ministra (laboratórios que convencem médicos a receitarem os seus produtos). Sua outra contrapartida indispensável é a proibição concomitante do uso de diversas plantas psicoativas de uso tradicional – como a canábis, a papoula e a coca. As funções psicoterapêuticas que estas têm em medicinas tradicionais, passaram a ser substituídas por pílulas farmacêuticas.

* * *

O mercado das substâncias psicoativas controla os mais eficientes instrumentos na luta contra o sofrimento e a busca da alegria. As drogas – não importa se fluoxetina, álcool ou maconha – oferecem a amenização da dor e a intensificação do prazer. Por isso são usadas. E de fato cumprem a promessa – cada uma com suas limitações e preço. Se existem há milênios, é porque não enganam a humanidade: trazem aquilo que nelas é buscado.

Num tempo de aumento de tensões e de sofrimentos psíquicos diversos e complexos, estão disponíveis centenas de moléculas puras, para os mais diversos efeitos. A indústria farmacêutica busca ampliar seu monopólio, substituindo usos de plantas tradicionais por fármacos patenteados, e colonizando cada vez mais a vida cotidiana, oferecendo novos “remédios” para as mais diferentes esferas comportamentais.

O maior número de usuários e dependentes de drogas na sociedade contemporânea são os consumidores de produtos da indústria farmacêutica. As drogas de farmácia também têm usos variados, que podem ser benéficos ou nocivos, equilibrados ou abusivos. Uma parte dos consumidores faz uso abusivo. Cerca de um terço das intoxicações que ocorrem no país, por exemplo, são devidas a drogas da indústria farmacêutica, numa proporção muito maior do que as que ocorrem por causa do uso abusivo de substâncias ilícitas.

Artigo do jornalista Ruy Castro, na Folha de S.Paulo (28/12/09)6, lembrou, a propósito da morte da atriz Brittany Murphy, que muitos outros artistas sofreram, assim como ela, assim como ela, do uso excessivo de remédios legais que os levaram a morte. Foram citados Carmem Miranda, Marilyn Monroe, Judy Garland, Elvis Presley e Michael Jakson.

Só no Brasil, há mais de 32 mil rótulos de medicamentos, com variações de 12 mil substâncias (a OMS considera como realmente necessários 300 itens), vendidos em mais de 54 mil farmácias (uma para cada três mil habitantes, o dobro da recomendação da OMS)7

Uma parte cada vez maior destas drogas são substâncias psicoativas. Entre as principais estão os antidepressivos, as anfetaminas, os benzodiazepínicos, e muitos outros mais. Em 2008 e 2009 o segundo medicamento mais vendido no Brasil foi o benzodiazepínico Rivotril8.

A dependência de remédios, uma forma de consumo compulsivo às vezes chamada popularmente de “hipocondria” é uma característica marcante da relação das pessoas com as drogas. Por serem, por vezes, receitadas por um médico, são chamadas de “remédios”, mas o seu resultado é exatamente o mesmo de qualquer outro consumo compulsivo, podendo levar à efeitos daninhos para o organismo e à dependência e tolerância.

Queixas de mal-estares vagos em pronto-atendimentos são medicadas comumente com benzodiazepínicos, especialmente se as pacientes forem mulheres e donas-de-casa. O uso de moderadores de apetite não só para diminuição de peso mas como estimulante também se propaga, ao ponto do Brasil ser um dos maiores mercados mundiais.

Também é comum o uso de certos produtos farmacêuticos para finalidades distintas das indicadas, devido a seus efeitos colaterais. Xaropes para tosse com codeína, remédios para dor de cabeça como Optalidon, medicamentos para mal de Parkinson como Artane ou mesmo de analgésicos são empregados como drogas para combater dores mais psíquicas do que propriamente orgânicas.

O uso de doses inapropriadas de drogas comuns pode ser extremamente perigoso, é o caso de overdoses da própria aspirina, que um estudo recente de Karen M. Starko apontou poder ser responsável por parte dos mortos na época da epidemia da gripe espanhola, em 19189. Durante a epidemia da gripe suína, chegou a se proibir a veiculação de publicidade de antifebris, para não haver indução à medicação excessiva, desnecessária e muitas vezes perigosa.

Muito além do simples e indefinível efeito farmacológico objetivo, todo remédio também é uma representação que se auto-reforça por meio do efeito-placebo inerente à todo medicamento. O que se vende com o mercado de drogas são modos de produção da subjetividade. Assim o fazem os usuários que as inserem em contextos sociais, cerimoniais e até rituais. Também assim o consideram as agências publicitárias que, ao promoverem álcool, tabaco ou remédios, vendem estados de espírito, modelos de felicidade da alma, humor em pílulas. Mais do que venderem, exacerbam, pois, conforme a hipnótica cantilena publicitária, só há requinte com um cigarro na mão, só há festa com cerveja e decotes generosos, só há felicidade plena com o sono, a ansiedade e a tristeza geridos por meio de doses de pílulas ou elixires.

Por isso os orçamentos administrativos e de marketing das indústrias farmacêuticas são muito maiores que os de pesquisa. Estes sempre são interrompidos após o lançamento do fármaco no mercado, não havendo acompanhamento exaustivo de seus efeitos previstos e colaterais de longo prazo nas populações usuárias. A própria técnica publicitária nasce, desde o final do século XIX, fortemente ligada à venda de medicamentos, tônicos, fortificantes, etc., vendendo estilos de vida mais do que os produtos em si. Até hoje, o setor da venda de drogas (seja álcool, tabaco ou remédios) representa uma das maiores fatias do mercado publicitário internacional e brasileiro.

* * *

De toda a indústria farmacêutica, o setor das drogas psicoativas é não só uma das mais lucrativas como a que teve influência cultural mais significativa. O que pouco se percebe é que paralelamente à emergência de um proibicionismo de certas drogas ocorreu uma exacerbação na compulsão ao consumo de fármacos industriais (assim como também o de alimentos e outras mercadorias).

Os anti-psicóticos, soníferos, tranquilizantes, ansiolíticos e anti-depressivos despontaram desde os anos 1950 como carros-chefes não só da indústria, como de estilos de vida. O uso de pílulas tornou-se um hábito considerado normal, não só como suplementos vitamínicos ou fortificantes mas como reguladores mentais, moduladores psíquicos, capazes de alterar o humor, o sono, a tensão e a motivação.

Junto a cada um dos novos fármacos se construiu uma entidade nosológica nova, para a qual cada medicamento seria o específico terapêutico. O erro central dessa visão psicofarmacêutica é considerar o sintoma (por exemplo, a depressão) como a doença. Ao invés de oferecer uma interpretação do seu sofrimento e de suas causas, uma “narrativa” que lhe desse sentido, como diz David Healy, passou a se oferecer (vender, melhor dizendo) uma pílula miraculosa. Este médico e professor de Medicina Psicológica fez uma análise da emergência da depressão como um quadro clínico e nosológico desde os anos de 1950 – e da concomitante ascensão dos medicamentos antidepressivos como mercadorias de alta lucratividade numa das indústrias que mais floresceu desde o segundo pós-guerra. O livro em que relatou suas observações, The Antidepressant Era (1997), é obra importante para compreender os múltiplos significados dessa era de novas drogas e novas políticas sobre drogas, que abrangem não apenas o universo médico strito sensu, mas também a vida cotidiana cada vez mais medicalizada e farmacologizada.

A partir dos anos 1950, a grande inovação – além dos barbitúricos, para sedação – foram remédios contra a depressão, tais como imipramina, lançada em 1957 sob o nome de Tofranil. Veio a seguir a amitriptilina, lançada em 1961. Nem sequer o escândalo da talidomida, lançada como sedativo e tranquilizante, em 1957, e responsável por mais de seis mil casos de má-formação fetal em grávidas que o usaram, desestimulou o crescente mercado do consolo e do apaziguamento psíquico.

Nos anos 80 e 90 a fluoxetina, sob o nome de Prozac, tornou-se um dos medicamento psicoativos a vender muitos bilhões de dólares e foi o emblema de uma época em que a indústria farmacêutica criava uma nova cultura de dependência de drogas – ao mesmo tempo que se desencadeava uma guerra sem quartel contra algumas drogas ilícitas, muitas delas plantas de usos tradicionais milenares.

Recentemente, a própria suposta eficácia dos anti-depressivos foi questionada, pois nem todos os estudos realizados são publicados. Mesmo entre os publicados, a diferença entre o efeito dos placebos comparado ao efeito dos fármacos é muito pequena, nos casos majoritários de depressões leves10.

Ainda assim, o uso (inclusive infantil) de psicoativos como antidepressivos aumentou vertiginosamente, estendendo-se a um conjunto infinito de condutas a serem supostamente corrigidas pelo medicamento. De enurese noturna até hiperatividade, de insônia a ansiedade, de “pânico social” à “síndrome do pânico”, dentre os tantos novos rótulos que surgem para configurar supostos quadros nosográficos. A OMS profetiza que, em algumas décadas, a depressão será a doença mais incapacitante do mundo, o que por si já é revelador da situação de insustentabilidade que vive o sistema econômico capitalista. Recentemente surgiu até mesmo uma versão veterinária do Prozac para cães.

O uso de drogas na sociedade cresce sobretudo por meio dos remédios legais, cuja publicidade incita a um consumo fetichizado e hipocondríaco, na busca de panaceias químicas para mal-estares sociais e psicológicos.

Uma política realmente democrática em relação às drogas psicoativas seria aquela que legalizasse todas, submetendo-as a um mesmo regime, não importa se remédios sintéticos ou derivados de plantas tradicionais. Ao mesmo tempo, tal política deveria ampliar a severidade dos controles, distintos para cada substância. Toda publicidade em veículos de mídia destinados ao público em geral deveria ser proibida. A fiscalização e punição para consumos irresponsáveis – ao volante, por exemplo – de álcool ou outras drogas, deveria ser rígida.

Outra medida necessária seria a estatização da grande produção e do grande comércio. Ela evitaria que corporações gananciosas dominassem o mercado e garantiria que todos os lucros desse comércio fossem direcionados para fins sociais – inclusive para programas de desabituação para os consumidores problemáticos que necessitassem. Além de uma política em favor dos genéricos e da quebra das patentes farmacêuticas, o Estado deveria garantir a fabricação de todos os fármacos indispensáveis, oferecendo-os ao menor preço possível e aplicando os lucros obtidos no interesse social. Um amplo programa de pesquisa, com financiamento e destinação pública, poderia assim estimular também o desenvolvimento de novos fármacos.

Tais diretrizes deveriam se aplicar tanto aos remédios fisiológicos quanto aos três grupos de substâncias psicoativas consideradas nestes estudo: as da indústria farmacêutica; as recreativas lícitas, como álcool e tabaco; e as hoje consideradas ilícitas. A legalização da maconha, da cocaína e de todas as drogas, sob controle estatal do grande atacado e produção afastaria o atrativo para o crime organizado, permitiria maior monitoramento dos usos problemáticos e encaminhamento dos necessitados a tratamentos. Financiados pela própria renda gerada na venda legal, seriam oferecidos no serviço público de saúde.

Por que não criar-se um Fundo Social – resultado não apenas de impostos, mas do controle econômico estatal da grande produção e circulação de drogas, remédios, bebidas e cigarros? O conjunto do faturamento obtido poderia servir para custear o orçamento de Saúde Pública.

Um leque imenso de iniciativas individuais, familiares, comunitárias e microempresariais poderia ser não só mantido, mas estimulado, no campo do cultivo e da produção dessas substâncias. Produtores de bebidas como vinhos, cervejas ou aguardentes, cultivadores de fumos de qualidade ou canabicultores deveriam ser estimulados com apoio creditício e fiscal.

O conjunto das drogas legalizadas acabaria com os efeitos nefastos do chamado “narcotráfico”, encerraria a “guerra contra as drogas”, libertaria os prisioneiros dessa guerra: em torno de metade da população carcerária tanto nos EUA como no Brasil. Seria interrompido o crescimento vertiginoso do encarceramento por drogas, principal fonte de lucros para o sistema penal privado norte-americano e mecanismo de repressão social e racial contra os pobres e os afrodescendentes no Brasil. Reduziriam-se os danos sociais dos usos problemáticos de drogas. Seriam potencializados os usos positivos, tanto terapêuticos como recreacionais.

Os fármacos em geral, e os psicofármacos em particular, oferecem um florescente futuro. Inúmeras novas moléculas poderão ser inventadas, além dos usos diversos que já se podem fazer das substâncias existentes. Isso amplia um repertório que serve a fins terapêuticos, lúdicos, recreacionais, devocionais, de reflexão filosófica, de autoconhecimento e de regulação humoral (os timolépticos). Infelizmente, também pode ser usado de formas autodestrutivas, excessivas, abusivas e descontroladas. Uma cultura da autonomia responsável supõe o uso consciente do potencial de todos os fármacos, que são, como os alimentos, produtos da cultura material que ingerimos para finalidades úteis ao nosso corpo.

Usar as “tecnologias de si” de forma construtiva significa por um lado acabar com a “guerra contra as drogas” e o proibicionismo demonizante de certas substâncias. Mas, por outro, significa recusar os efeitos alienantes de uma cultura publicitária que faz da saúde um negócio e da necessidade das drogas um mercado oligopólico global.

1Dimetrilptamina, princípio ativo do ayahusca, utilizado nos rituais do Santo Daime. Mais informações na Wikipedia

2 Metilenodioximetanfetamina, também conhecida como ecstasy. Verbete na Wikipedia

3 Expressão adotada por Richard Rudgley para denominar as drogas psicoativas em Essential substances. A cultural history of intoxicants in society (N. York, Kondansha, 1993).

4 Cf. IMS Health, 2009.

5Michael J. Balick e Paul Alan Cox, Plants, People, and Culture. The Science of Ethnobotany, N. York, Scientifican American Library, 1997,p.25.

6 Ruy Castro, “Vale das bolinhas”, FSP, 28/12/2009, p.2.

7Jomar Morais, “Viciados em remédios”, Superinteressante, nº 185, fevereiro de 2003, p.44.

8 Segundo IMS Health, o primeiro é uma pílula anticoncepcional.

9“Aspirina pode ter tido um papel na epidemia de gripe de 1918”, Nicholas Bakalar (New York Times), in Folha de S.Paulo, 13/10/2009.

10Effectiveness of antidepressants: an evidence myth constructed from a thousand randomized trials?”, John P. A. Ioannides, in Philosophy, Ethics, and Humanities in Medicine, 3:14, 27 de maio de 2008.

Henrique Carneiro é historiador, bacharel, mestre e doutor em História Social pela USP. Professor na cadeira de História Moderna no Departamento de História da USP (Universidade de São Paulo), é também pesquisador do Núcleo de Estudos Interdisciplinares sobre Psicoativos (NEIP). Publicou seis livros e diversos artigos para jornais e revistas acadêmicas (ver aqui). Sua linha de pesquisa atual aborda a história da alimentação, das drogas e das bebidas alcoólicas.

Bibliografia:

BALICK, Michael J.; e COX, Paul Alan, Plants, People, and Culture. The Science of Ethnobotany, N. York, Scientifican American Library, 1997.

HEALY, David, The Antidepressant Era, 1997, Harvard University Press, 1997.

IMS HEALTH www.imhshealth.com

MOYNIHAM, Ray; e CASSELS, Alan, “Comerciantes de enfermedades” in Le Monde Diplomatique Ed. Chilena, Santiago, 2006.

RUDGLEY, Richard, Essential substances. A cultural history of intoxicants in society, N. York, Kondansha, 1993.

Fonte: Outras Palavras, em 09/05/2011