Em That’s Why God Made the Radio, os Beach Boys
são exaltados por uma mídia quase revogada
pela era do videogame compulsivo
Mas a audácia vanguardista dos BBs finalmente veio à tona quando as fitas originais foram lançadas em CD, em 2011, contendo “uma jovem sinfonia para Deus,” na definição do líder da banda, o atormentado Brian Wilson. Sobrevivente de anos de clausura numa caixa de areia, incontáveis internações e um disco em contestada parceria com seu psiquiatra, em 1988, Brian comanda mais uma vez o grupo, talvez em sua volta olímpica. That’s Why God Made the Radio encara o presente pelo retrovisor, a começar pela exaltação de uma mídia quase revogada pela era do videogame compulsivo.
O mundo mudou, mas o jogo continua o mesmo, prega o gingado rock baixos teores Isn’t it time. O velho termo “boas vibrações” ainda pontua Spring Weather, e Pacific Coast Highway exalta a estrada trilhada em solidão. Os impecáveis jogos vocais de blocos semoventes flutuam a partir do interlúdio inicial Think About the Days, como as ondas quebradas nas retinas de quem está à procura de um lugar ao sol/ onde todos possam se divertir (Beaches in Mind).
O tempo é a obsessão poética do disco, onde os raios incidem num tom crepuscular, de sóbrio e elegante final de jornada em Summer’s Gone: Velhos amigos se foram/em caminhos apartados/ os sonhos permanecem/ para os que ainda têm o que dizer.
Fonte: Carta Capital, em 18/08/2012
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