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sexta-feira, 31 de julho de 2009

Triste Espetáculo

Texto de Jeferson Malaguti Soares recebido por e-mail em 31 JUL 2009.

"Não sei até que profundidade deverá o governo se dispor a descer para que a consciência cívica deste país acorde...

Vinte deputados, sem nenhuma expressão maior no cenário nacional, comandados pelo presidente da República, enxovalharam a dignidade do Parlamento, vendendo, descabeladamente e sem nenhum pudor suas consciências em favor de benesses, cargos, verbas e quem sabe mais o quê?...

Toda a vergonhosa operação para derrotar a CPI foi comandada pelo próprio presidente da República, com o uso de verbas do orçamento e com a conivência de mais um punhado de subservientes asseclas do Planalto...

O presidente da República teme fortemente que sejam investigadas certas denúncias contra ele e seu governo. Ora, só um otário não perceberia nisso que há muita roupa suja guardada no Palácio do Planalto e que aqueles que argumentam contra a CPI estão mentindo levianamente para o país...

Os principais nomes sob suspeita e objeto de várias denúncias,aliam-se, com o apoio da falta de caráter de uma fatia inexpressiva do Congresso, impedem que investigações sejam feitas sobre falcatruas e desvarios das mais variadas naturezas. O que resta ao cidadão comum fazer, se os grandes não respeitam os mais elementares valores de honestidade?"...

Diário de Bordo

Esses são trechos do comentário de Geraldo Carozzi, na coluna "Diário de Bordo" do jornal O TEMPO. Para aqueles que acreditam estar ele tratando do Congresso atual e do Presidente Lula, lamento informar que estão redondamente enganados. A coluna foi publicada em 12 de Maio de 2001. Tratou da falta de caráter dos deputados que retiraram suas assinaturas do requerimento da CPI da Corrupção, que iria investigar os desmandos dos governos FHC, inclusive da venda ilegal da Vale do Rio Doce e dos desdouros praticados na Petrobrás. O acordo para se engavetar o pedido da CPI foi feito diretamente por FHC com o presidente do Senado da época, Jáder Barbalho, e o apoio nítido do senador ACM. Rolou muita grana e FHC literalmente baixou as calças para um monte de crápulas do Congresso Nacional. Ficou claro que ele e os congressistas eram farinha do mesmo saco.

A atual oposição ao governo Lula parece se esquecer que tem telhado de vidro.Inclusive, a tal CPI da Petrobrás que o PSDB e DEM montaram agora, vai desvendar todas as mazelas praticadas nos (des)governos FHC e será a pá de cal que faltava para enterrar a candidatura de Serra ou Aécio. O tiro vai sair pela culatra.

Quem tem memória curta, mesmo que por conveniência, come sapo por lebre.

terça-feira, 21 de julho de 2009

Juiz manda liquidar fundo do Opportunity

Matéria do Jornal Valor Econômico, de 21 JUL 2009:


Na decisão em que acata a denúncia contra o banqueiro Daniel Dantas por crimes de lavagem de dinheiro, gestão fraudulenta de instituição financeira, evasão de divisas e crime de quadrilha e organização criminosa em outra ação judicial decorrente da Operação Satiagraha, o juiz Fausto Martin De Sanctis, da 6ª Vara Federal Criminal de São Paulo, determinou a liquidação de um fundo de ações gerido pelo Opportunity . A ordem, inédita, foi dada ao administrador da carteira, o banco BNY Mellon, que assumiu a função em setembro do ano passado. O juiz deu 48 horas para o administrador liquidar o fundo Opportunity Special FIA e depositar o dinheiro na Caixa Econômica Federal.

O fundo tinha um patrimônio de R$ 951 milhões no dia 16 de julho e 23 cotistas. A carteira é aberta para investidores qualificados. A decisão surpreendeu advogados especialistas do mercado, que nunca viram a Justiça determinar a liquidação de um fundo de investimentos.

A carteira já estava bloqueada para saques ou aplicações desde o início de setembro de 2008. Na época, a justificativa do bloqueio era o fato de o Banco Opportunity ter transferido a administração da carteira para o BNY Mellon. O administrador é responsável por fiscalizar os atos do gestor como o cálculo das cotas ou o cumprimento das regras do fundo. O Special teria entre seus cotistas alguns sócios do Opportunity, entre eles Daniel Dantas, principal alvo da Operação Satiagraha.

Na decisão divulgada ontem, a Justiça diz que a liquidação do fundo se deve ao fato de a Procuradoria da República ter recebido relatório de inteligência do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf), indicando a prática de operação suspeita de lavagem de dinheiro pelo fundo. Segundo o juiz, a medida é necessária "para preservar os interesses dos cotistas do fundo, alguns deles réus na ação".

Segundo comunicado do Ministério Público, uma vez que o fundo de investimento está bloqueado, as ações que o compõem não podem ser negociadas e estão sujeitas a depreciação. De setembro para cá, porém, o fundo quase dobrou de valor, passando de R$ 538 milhões para quase R$ 1 bilhão. A liquidação obrigará o administrador a vender todos as ações da carteira e o dinheiro será então depositado em uma conta judicial na Caixa, sujeito a correção. "Se os réus forem condenados, será determinado o perdimento dos valores. Se absolvidos, o valor será devolvido corrigido".

Além de Dantas, outras 13 pessoas estão arroladas na denúncia por suposto financiamento do chamado "valerioduto", esquema montado pelo empresário Marcos Valério e acatada ontem pela Justiça.

Segundo a Procuradoria, o financiamento teria ocorrido quando o grupo estava no comando da Brasil Telecom. Um dos inquéritos seria para aprofundar a participação de pessoas investigadas inicialmente e não denunciadas agora, como o ex-deputado Luiz Eduardo Greenhalgh e Carlos Rodenburg (presidente do braço agropecuário do grupo). Outro iria apurar especificamente crimes financeiros na aquisição do controle acionário da BrT pela Oi. O terceiro investigaria evasões de divisas praticadas por cotistas brasileiros do Opportunity Fund, com sede nas Ilhas Cayman, no Caribe.

De acordo com a denúncia, o banqueiro, sua irmã, Verônica Dantas, e o presidente do Opportunity, Dório Ferman, teriam cometido fraudes no comando do Opportunity Fund e do banco, como a presença de cotistas brasileiros, quando a prática era proibida; desvio de recursos da Brasil Telecom para autofinanciamento do Opportunity; e utilização da Brasil Telecom para repassar recursos às agências de Marcos Valério, com as quais teriam sido firmados contratos superiores a R$ 50 milhões.

A Procuradoria ainda arrolou 20 testemunhas no caso, entre as quais o presidente da Santos-Brasil, Wady Jasmim, e o ex-ministro Mangabeira Unger, que foi consultor do Opportunity nos Estados Unidos.

Para o procurador da República Rodrigo De Grandis, as investigações da Operação Satiagraha, da Polícia Federal, constataram que os denunciados constituíram "um verdadeiro grupo criminoso empresarial, cuja característica mais marcante fora transpor métodos empresariais para a perpetração de crimes, notadamente delitos contra o sistema financeiro, de corrupção ativa e de lavagem de recursos ilícitos".

Dantas foi preso durante a Satiagraha. Na ocasião, também foram presos o ex-prefeito de São Paulo Celso Pitta e o investidor Naji Nahas. Os três foram soltos depois. Eles são suspeitos de praticar os crimes de lavagem de dinheiro, gestão fraudulenta, evasão de divisas, formação de quadrilha e tráfico de influência para a obtenção de informações privilegiadas em operações financeiras.

O advogado Andrei Schmidt, que defende o Opportunity, disse que seus clientes ainda não foram citados do recebimento da denúncia. "Independentemente disso, negamos veementemente as imputações recebidas pelo juízo. Os fatos narrados ou não constituem crime ou estão baseados em provas fraudadas no âmbito da Operação Satiagraha", diz o advogado por meio de nota.

Também em nota, a BNY Mellon afirmou discordar veementemente do juiz e alertou que a medida vai trazer prejuízos para outros cotistas do Special que não estão envolvidos no processo. A liquidação, acrescenta, poderá ainda provocar desvalorização excessiva dos ativos, ampliando as perdas, "inclusive influenciando de maneira negativa todo o mercado". Segundo a BNY Mellon, a liquidação também estaria em desacordo com as regras da Comissão de Valores Mobiliários (CVM), que determinam que ela tem de ser deliberada em assembleia pelos cotistas. (Com agências noticiosas)

Favelas nos EUA

Matéria do jornal Valor Econômico, de 21 JUL 2009:

Sem-teto fazem surgir favelas americanas



A recessão fez crescer o problema dos sem-teto nos EUA. Segundo dados do Departamento de Habitação e Desenvolvimento Urbano, após anos de queda, o número de indivíduos sem teto ficou praticamente estagnado, enquanto o número de pessoas em famílias sem teto aumentou 9% no ano passado. Cerca de 1,6 milhão de americanos viviam em abrigos públicos ou casas precárias em 2008, um número praticamente igual ao do ano anterior. Entretanto, aumentou o número de famílias nessa situação - elas respondem agora por um terço desse número. ONGs denunciam que esse fenômeno pode tornar crônica a situação dessas famílias. Parte desses sem-teto vive em acampamentos com estrutura precária, algo parecido com as favelas no Brasil. Na foto, um agrupamento de sem-teto em Fresno, na Califórnia. O governo americano prometeu aplicar cerca de US$ 1,2 bilhão em programas de moradias baratas para evitar que favelas como essa de Fresno se alastrem.

quinta-feira, 16 de julho de 2009

Tá chegando a Festa do Ridículo



No sábado (25/07), a Homem da Marreta Produções promove em Brasília a “Festa do Ridículo”, com muito rock’n’roll e diversão. A festa, que contará com a banda Mustang 65, tocando o melhor do rock internacional, anos 70 e um set exclusivo de Elvis Presley, e o DJ Thiago Freitas (residente), será às 23h59, no Clube da Imprensa.

Homem da Marreta

A Homem da Marreta começou a operar no mês de maio, formada por quatro produtores de Brasília – Daniel Lemos, Luis Ramirez, Márcio Leal e Thiago Freitas. O objetivo é atuar em mercados latentes, que têm pouco espaço na cidade. “Fazemos festas para um público específico, que curte rock’n’roll, e que não está sendo bem atendido aqui na cidade”, afirma Lemos.

Serviço
O quê: Festa do Ridículo
Quando: Sábado (25/07), a partir das 23h59
Onde: Clube da Imprensa - Vila Planalto - Setor de Clubes Norte trecho1 lote1 (próximo à Concha Acústica, ao lado do restaurante Retiro do Pescador).
Quanto: R$ 15,00 (meia-entrada). Entrada grátis para as 50 primeiras pessoas que chegarem na festa e estiverem com seu nome na lista (enviar e-mail para homemdamarreta@gmail.com). Lista válida até às 0h59.

Contatos para Imprensa/Entrevistas: Mídia.Com – (61) 8137-1235, com Márcio Leal.

terça-feira, 14 de julho de 2009

Aqui se faz aqui se paga

Bom, é isso!!

Esse ditado nunca serviu tão bem quanto na relação Revista Veja e Governador do DF José Roberto Arruda (isso! aquele do caso da quebra de sigilo do painel, lembra?).

O Governador assina contratação direta com a editor Abril, no valor de R$ 442 mil, para a distribuição da revista Veja na Sala de Aula - um valor agregado, como dizem os mercadológicos! (re, re, re...) da própria Veja - nas escolas públicas do DF. (Isso! O Governador José Serra também fez a mesma coisa... Lembra?).

O que Arruda levou de presente? As Páginas Amarelas!!!! Tá na edição dessa semana... Ganhou tratamento VIP o homem.

E nem precisamos entrar no mérito que os motivos da contratação direta, sem licitação, devem ter sido excelentes, pois há pelo menos mais umas duas editoras que produzem o mesmo tipo de material, uma delas a da revista Carta Capital. Podiam ter feito uma licitaçãozinha, né? (Isso mesmo!!! o Governador Serra também poderia ter feito a mesma coisa!!!)

ABRAÇOSSSSS

Ah, sim... Para os que tem estômago mais forte, vocês podem ler a entrevista em: http://arquivoetc.blogspot.com/2009/07/veja-entrevista-jose-roberto-arruda.html
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segunda-feira, 13 de julho de 2009

BSB (DF), siglas complicadas e perfeitinhas

Texto de Marcelo Torres (marcelocronista@gmail.com), recebido por e-mail em 11/07/2009.

Em Brasília, não tem jeito, você mora numa quadra que é uma sigla, trabalha num local que é uma sigla, se diverte em locais que são siglas e faz amor em endereços que são siglas. Se você for andar a pé, de carro, de buzu ou de metrô, não adianta correr, você estará sobre siglas (EPTG, Epia, Sia) ou sobre uma letra e um número (L2, W3, L4).

As quadras são siglas que variam apenas no número de letras. No Lago Sul e no Lago Norte, você tem biglas, ou seja, siglas de duas letras (QI, QL). Já nas Asas Sul e Asa Norte a pessoa mora em triglas, ou seja, siglas de três letrinhas, SQS, SQN. E no Sudoeste, o Sudoca, mora-se em siglas de quatro (SQSW) e de cinco letras (SHCSW).

Logo quando cheguei aqui, ouvi alguém dizer ”Gilberto Salomão é QI 5”, o que me levou a pensar que, em se tratando da capital do poder, esse QI 5 fosse “Quociente de Inteligência 5”. Estando em Brasília, não descartei que QI5 fosse “Quem Indica 5”.

Só depois me informaram que se tratava de um tradicional centro comercial localizado na QI 5 do Lago Sul. Estive lá e perguntei a 10 pessoas quem foi o Gilberto. Só duas responderam – e falaram a mesa coisa: ”Foi quem construiu este shopping”. Decidi fazer, mas ainda não fiz, uma busca ao Gilberto Salomão no Santo Google.

Mas o tradicional e simpático centro comercial nem precisa de sigla. É o Gilberto e pronto. Se alguém fala que vai “No Gilberto Salomão”, não quer dizer que ele vai à casa de Gilberto Salomão. Até as garças da ponte e as emas do recanto sabem o que é. Aliás, até meu filho Lucas, de quatro anos, vive pedindo para levá-lo ao Gilberto Salomão.

Ah, sim, voltando ao QI, soube que significa Quadra Isolada, enquanto eu cheguei a pensar fosse “Quadra Interna”, um indício de que meu QI é de cinco para baixo.

Pois é, meu caro, não tem escapatória, Brasília é uma cidade siglada, uma siglatura. Um chão, um ar, um mar de siglas. Pra ir ou pra vir, pra sair ou pra voltar, por retas e curvas você estará pisando em siglas, tropeçando nelas e decifrando-as, para que elas não o devorem - elas são complicadas e perfeitinhas, bonitinhas e ordinárias.

A cultura da sigla é tão forte e tão presente no cotidiano que as siglas DF (de Distrito Federal) e BSB (que é o código do aeroporto no sistema aéreo internacional) já foram incorporadas como sinônimos da cidade, além de darem nome a muita coisa por aqui.

Este é um dos ônus por Brasília ser uma cidade oficial, pública, estatal, burocrática, planejada, organizada, sendo a sede dos três poderes e de suas instituições, que são siglas a perder de vista (STF, STJ, TCU, PGR, MEC, TST, TSE, CGU, AGU).

Talvez nenhuma outra unidade da Federação tenha tamanha ligação com as suas duas letrinhas iniciais como tem o Distrito Federal com a sua bigla DF. Tudo bem que SP e RJ são biglas muito comuns também, mas não são tão usadas como é DF. O governo paulista, por exemplo, é Governo do Estado de São Paulo, não é GSP como é o GDF.

Talvez você, brasiliense (adotado ou natural), já esteja aí querendo me mandar a uma sigla – à PQP – ou me achando um bom FDP. Mas não tome isso como galhofa ou zombaria, pois eu, apesar de não ter QI nem PN, sou um apaixonado por Brasília, pelo DF, por BSB, enfim, pelas siglas – esses enigmas que me atraem, que me chamam, que amam.

Nenhuma cidade no mundo é conhecida interna e externamente pelo código do seu aeroporto como Brasília é por BSB. Um recifense, por exemplo, não diz que mora em REC; um paulistano e um carioca não são doidos de dizer que moram em CGH ou SDU (códigos internacionais dos aeroportos de Congonhas e Santos Dumont).

Não acho feia essa característica da cidade; ao contrário, muitas vezes é algo bonito, diferente, charmoso, objetivo, carinhoso – embora exótico e excêntrico também. Portanto, não me fiquem P da vida nem me mandem à PQP nem me chamem de FDP.

Eu morei na siglona SHCSW, que ao pé das letras significa Setor de Habitações Coletivas Sudoeste, mas ninguém fala a sigla nem o nome por extenso, diz apenas Sudoeste, um bairro novo e emergente, que no início era “Barroeste”, mas que hoje é o Sudoca, um xodó, um dengo de morada.

O SHCSW – essa sigla que a gente só usa quando preenche o campo 'endereço' em algum formulário, não sem antes consultar uma conta de luz ou telefone -, na verdade é o que chamam de Sudoeste “econômico”, um eufemismo que arranjaram para designar o primo pobre da sudoestada.

Há a parte 'mais ou menos' do Sudoca, que é o SQRSW, esse siglão que por extenso significa Setor Quadra Residencial Sudoeste. Tem a área nobre, que é a SQSW, ou Super Quadra Sudoeste. E tem a parte mista, que é QMSW, ou seja, Quadra Mista Sudoeste.

Depois do SHCSW, mudei para a trigla SQN, Super Quadra Norte. Lá, sempre que alguém de outro estado ligava pedindo o endereço, eu dizia “Mande para SQN 314, E-505 que chega”. Mas ninguém acreditava, todos riam, duvidavam, pediam para eu explicar, repetir, 'traduzir' letra por letra.

Brasília tem um lago, que é o Paranoá, mas que acaba sendo dois – Lago Sul e Lago Norte ou SHIS e SHIN, respectivamente, Setor de Habitações Individuais Sul e Setor de Habitações Individuais Norte. Mas é uma sigla que só se usa em campo 'endereço' de correspondências ou formulários. Ninguém diz que mora na SHIS 10.

Aliás, não seria nada mal se essas siglas com vogal fossem lidas como uma palavra. Já não se lêem “Sia”, “Sig” e “Epia” como uma palavrinha? Então, por que não se lê SHIS como “xis” ou SHIN como “chin”? Pelo menos os moradores poderiam falar “Fulano, venha aqui no xis” ou “Eu moro no chin”.

Depois do SHIS ou SHIN vem QL ou QI. E é aí que está o Q da questão. Quando alguém lhe convida para uma visita à casa dele, ele fala “É na QI 5-6-9 do Lago Sul”. Você só precisa gravar que é QI e não QL e a seqüência 5-6-9, que quer dizer Quadra 5, Conjunto 6, Casa 9. Você nem precisa saber o que é QL nem QI, até porque nas plaquetas só aparecem as siglas.

Um dia desses, uns amigos que moram numa república no Lago Sul me chamaram para uma festinha na casa deles. “É na QI 18-8-9”, um deles falou. “República faz lembrar 1889”, reforçou o outro, para que eu memorizasse o 18-8-9. Ou seja, além das siglas, há essas senhas, esses macetes.

As moradias mais antigas, mais tradicionais estão na Asa Sul, identificadas pela sigla SQS. Aí vem o poeta Nicolas Behr e faz um trocadilho com humor e fina ironia: “SQS ou SOS, eis a questão”. É que às vezes você pede socorro mesmo, em meio a siglas e mais siglas. Curitibano de nascença e candango desde pequeno, Behr brincou com as siglas em outros versos:

“tô namorando uma sigla
MSPW
conhecem?
uma gracinha de sigla
ela é minha
emeessepêdabelhuzinha”

[extraído de Poesília, poesia pau brasília, Nicolas Behr]

Aqui, só se trabalha em instituições que são chamadas como siglas: STF, TCU, TSE, STJ, AGU, MMA, PGR, TST, MJ, MPDFT, HFA, HRAN, MDA, CGU, CCBB, STM, MRE, FNDE, MDS, BNDES, Infraero, Ipea, Anac, Anvisa, Anatel e por aí vai. E a própria sede física do local de trabalho são siglas. SIA, SIG, SBS, SBN, SCS, SCN.

- Onde você trabalha?

- No “agá-u-bê”.

- Onde???

- No “Agá-u-bê... Hospital Universitário de Brasília.

- Mas você não estava em outro hospital?

- Sim, estava no “agá-rã”...

- “Agá” o quê??

- “Agá-Ran”, é a sigla do Hospital Regional da Asa Norte, entendeu?

- Ah, sim, entendi. Pensei que era algo sobre rã. E onde fica mesmo o hospital?

- Fica lá no MHN.

- Lá no quê???

- É a sigla de Setor Médico Hospitalar Norte, fica na Asa Norte.

- Ah, tá. E você sabe onde fica a Controladoria Geral da União?

- A CGU?

- Sim, a CGU.

- Acho que fica no SAUS.

- No “sal”?

- Não é “sal”, seu bobo, é SAUS, Setor de Autarquias Sul.

O fundador de Brasília é uma sigla – JK -, que é o nosso Jotakristo, segundo Vicente Sá, citado por Nicolas Behr. Assim como a trigla ACM é nome de tudo quanto é coisa na Bahia, a bigla JK dá nome a trocentas coisas em BSB, no DF. Rádio, colégio, ponte, aeroporto, memorial, busto, prédios e mais prédios, inclusive um tipo de edifício residencial em que o térreo tem apartamento.

Quem vem para cá de avião desembarca no JK, o nome do aeroporto internacional. Na PTP, ou seja, na Praça dos Três Poderes, tem um monumento em homenagem ao fundador. Já na “cauda do avião” há o Memorial JK.

Se o visitante chega de buzu, desembarca no TRF, que nada tem a ver com Tribunal Regional Federal, trata-se do Terminal Rodoferroviário, a rodofê, aquele terminal que é feio que é uma beleza, uma 'rodofeia'.

Quando chega, você parece não entender PN, mas depois você tira de letra, tira de sigla. Você logo vê que a Epia não pia nem é piada. É apenas a sigla da Estrada Parque Indústria e Abastecimento, que corta o SIA, o Setor de Indústrias e Abastecimento. “Põe sia nisso” é o título de um dos livros do poeta Behr.

O governo local atende por uma sigla, aliás, é uma trigla - GDF. Em casa, na rua, no trabalho, na igreja, no clube, no boteco, no shopping, no metrô, no parque e até na barraca de churrasquinho de gato as pessoas a toda hora falam no tal GDF.

Tem hora que você pensa que o tal GDF é uma pessoa, um ser humano, gente verdade, pessoa de carne e osso. E deve ser pessoa boa, pois você ouve toda hora no rádio e na televisão: “O GDF pensa em você, o GDF trabalha para você”. Tão bonzinho...

Você lê a notícia “GDF demite o gerúndio” e logo imagina que o GDF é um CDF cabeção da UnB e que o demissionário Gerúndio, que nem sobrenome tem, só pode ser um servidor corrupto, demitido por justa causa e sem aviso prévio.

Mas tem hora que você pensa que o GDF é uma pessoa má, vingativa, ressentida e sem coração. À boca miúda, fala-se que o GDF multou, o GDF bloqueou, o GDF fechou, o GDF demoliu...

E o dono da cidade também é uma sigla – PO, que é raça de cavalo, cavalo de sigla, Puro de Origem. Só que muita gente o vê como o “pê-ó” político. Já pensou se PO for GDF? Aí um amigo lembrou da ex-ministra e me aconselhou a ficar no RG, ou seja, no “Relaxe e Goze”.

Marcelo Torres, baiano, mora em BSB, jornalista, e-mail marcelocronista@gmail.com e blog http://marcelotorres.zip.net.

terça-feira, 7 de julho de 2009

Minha homenagem à Letônia 2

Conforme prometido, seguem mais fotos...

E agora vão os links interessantes também!!

++ ABRAÇOSSSS

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Ah, sim, você ainda quer os links, né????

# Quer viajar de mochila para a Letônia? http://bit.ly/Rln5l
# Notícias sobre a Letônia? http://www.daily-news.eu/web/pt/letonia
# Um blog "Brasileiros na Letônia": http://braziliesi.blogspot.com/
# Letônia - Vídeo da passeata das loiras (TV Ig): http://bit.ly/EyTU4
# Minha homenagem à Letônia - 'Exército' de loiras toma ruas contra recessão: http://bit.ly/XaxCK

Minha homenagem à Letônia

Galera,

Recebi por e-mail algumas fotos de mulheres LINDAS, dizendo que são da Letônia.

Como sou um curioso profissional, fui atrás e consegui encontrar muitas coisas legais sobre essa ex-república soviética, às margens do mar Báltico.

Então, a seqüência é essa: fotos de muheres bonitas (que me disseram ser de lá) e alguns links legais para conhecer mais sobre a Letônia.

ABRAÇOSSSS
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Vão 20 fotos, por enquanto.... Mais tarde publico mais!





















sábado, 4 de julho de 2009

De volta ao Rio dos Peixes

Na edição 13 da revista Retrato do Brasil tem a matéria "De volta ao Rio dos Peixes", que trata do reencontro do repórter Carlos Azevedo com a tribo dos kaiabi, no interior do Mato Grosso.

Muito legal!!

Deixei um PDF com a matéria disponível em: http://rapidshare.com/files/251901782/RB13_devoltaaoriodospeixes.pdf

quinta-feira, 2 de julho de 2009

Luto na Garoto

Essa é imperdível!!! Recebi por e-mail e não podia deixar de postar!! re, re, re...

Kalunga do Vão do Moleque: uma comunidade amedrontada

O município de Cavalcante, em Goiás, recebeu em maio a visita de uma comitiva com o objetivo de verificar a possibilidade de conflito iminente, vivenciada pelas comunidades remanescentes de quilombo do Vão do Moleque e Engenho II, localizadas no maior território quilombola do Brasil, o Kalunga. A força-tarefa foi composta por representantes do Departamento de Ouvidoria Agrária e Mediação de Conflitos do Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA), Fundação Cultural Palmares, IBAMA, Secretaria do Meio Ambiente e Recursos Hídricos do Estado de Goiás, Polícia Militar Ambiental do Estado de Goiás, Prefeitura Municipal e Secretaria de Igualdade Racial de Cavalcante e Polícia Federal.

FCP

O trabalho começou com uma reunião na Secretaria de Igualdade Racial de Cavalcante, na qual lideranças quilombolas reiteraram a denúncia contra ameaças e intimidações que a comunidade do Vão do Moleque vem sofrendo por pessoas ligadas à Fazenda Bonito, instalada dentro do Sítio Histórico Kalunga, e à empresa de empreendimentos imobiliários que vem demarcando as terras da Fazenda. Durante a reunião foi estabelecido o roteiro de trabalho de campo - quando, antes mesmo de o sol nascer, a equipe partiria rumo ao Vão do Moleque, onde o acesso é difícil, mas a paisagem compensa. Vale lembrar que o Sítio Histórico Kalunga está encravado na Chapada dos Veadeiros, cujo Parque Nacional é reconhecido pela Unesco como Patrimônio Natural Mundial.

Irregularidades

O conflito agrário tem origem no fato de o suposto proprietário da Fazenda Bonito ter demarcado sua reserva legal na área onde residem alguns quilombolas, que assim ficam impedidos de plantar, colher e criar animais para sua subsistência. Com isso se estabeleceu um clima de tensão e insegurança geral, pois a construção da cerca limita as áreas que os kalunga exploram há várias gerações, com sua agricultura tradicional e criação de pequenos rebanhos e animais domésticos.

FCP


Nem bem a equipe chegava no Vão do Moleque, constatava uma primeira irregularidade: a cerca da Fazenda está sendo construída com madeiras nobres, protegidas por lei. Numa série de visitas casa a casa para colher depoimentos, especialmente dos moradores de áreas limítrofes à Fazenda, os relatos de cerca de 10 famílias foram praticamente unânimes - em junho do ano passado, os quilombolas começaram a ser intimidados por empregados do empresário João Batista Fernandes do Nascimento, inclusive com armas por eles sistematicamente exibidas, alguns vestindo uniformes de camuflagem similares ao do Exército.

FCP


FCP Em 22 de abril último, em audiência realizada na Ouvidoria Agrária Nacional, em Brasília, o empresário alegou que as armas de seus empregados são usadas na caça. Eva Carvalho, uma das lideranças do Vão do Moleque, questiona: "Se ele diz que aqui é área de proteção, como então pode usar armas para caçar?" Eva questiona também a legalidade da documentação de propriedade da Fazenda, ao que a secretária da Igualdade Racial de Cavalcante, Lucilene Rosa - que é kalunga - completa: "Nós não sabemos se o que ele alega é verdade, é preciso apresentar documentos que ele não apresenta, e mesmo assim não seria ele a fazer a demarcação da fazenda, até porque está dentro de um território quilombola titulado".

Em seu depoimento, Eva espontaneamente confirma a ilegalidade quanto à cerca da fazenda: "Ele proíbe a gente de cortar madeira, e a gente sabe quais as que são proibidas e quais as que podemos tirar para fazer nossos telhados. Mas e ele, tem o direito? E ele tira até as proibidas pra fazer a cerca!". Também aponta o que considera dois pesos e duas medidas: "Tem o caso de um kalunga que responde a processo por ter tirado madeira pra fazer enxada e palha pra construir seu telhado. E o fazendeiro, faz o que quer?"

Outra irregularidade, ouvida informalmente de algumas crianças: elas relataram que são contratadas para empreitadas e diárias, o que, embora desconheçam, configura crime de exploração de trabalho infantil. A comunidade se sente ameaçada e com medo. As crianças, segundo Eva, estão traumatizadas: "Qualquer pessoa que se aproxime, elas pensam que está armada".

Conflito iminente

A comitiva encerrou a visita na sede da Fazenda Bonito, onde conversou com o gerente Felipe Machado Lopes. Ele afirmou que uma parte da cerca, acima da área dos kalunga, estava para ser concluída em breve, e que logo em seguida daria início à delimitação da área de reserva legal. O problema é que, nesse ponto, a cerca passará a 10 metros do curral de uma das famílias e próximo a residências de outras, o que pode acirrar o conflito.

Da visita resultaram algumas providências imediatas, entre elas a verificação, junto ao sistema de licenciamento da Secretaria de Meio Ambiente e Recursos Hídricos de Goiás, da averbação da reserva legal da propriedade Fazenda Bonito, e se as posses da comunidade Kalunga estão em áreas de reserva legal, proteção permanente e proteção de mananciais.

Na avaliação de Miriam Ferreira, gerente de projetos da Diretoria de Proteção ao Patrimônio Afro-brasileiro da Fundação Cultural Palmares, "trata-se de um conflito já instaurado, e se não houver agilidade para a efetiva regularização fundiária do Território Kalunga e a desintrusão dos pretensos fazendeiros, esse conflito poderá ter consequências imprevisíveis".

Fonte: Fundação Cultural Palmares